Quem passa pela Rua Dr. Manoel Pedro, no Cabral, já quase na esquina com Rua São Luiz, se depara com um endereço que apresenta dois fatos curiosos nos dias de hoje. O primeiro se deve ao fato de ali funcionar, há quase 20 anos, uma oficina de máquinas de costuras. Já o segundo ocorre devido às dezenas de placas com mensagens dos mais variados tipos, que decoram a fachada da oficina.
O dono do curioso endereço é Lúcio Carlos Orovicz, 58 anos. O curitibano trabalha com máquinas de costura há mais de 35 anos. Começou no depósito da fabricante Singer, que ficava na Vila Guaíra. Após
dois anos na empresa, resolveu tentar a sorte como autônomo e está nessa até hoje. ‘Se eu fizer os cálculos, estou há quase 30 anos sem férias. Sabe por quê? Porque eu gosto do que faço e quando se faz o que gosta, você não cansa e leva a vida numa boa‘, explica.
Apesar de exercer uma profissão rara nos tempos atuais, Seu Lúcio conta que o movimento é constante em função de uma questão técnica. ‘Hoje em dia essas máquinas novas são fabricadas na China e as peças não são de boa qualidade. Assim, vivem no conserto. Além disso, muitos clientes desistem das novas máquinas e acabam comprando de mim máquina antigas, mas resistentes. Tenho um depósito com mais de 300 máquinas‘, revela.
Além de consertar, Seu Lúcio também reforma máquinas antigas. Ele diz que atualmente os clientes têm solicitado mais as reformas. ‘Muitos trazem máquinas antigas, que ainda funcionam com os pedais, para reformar porque lembram da mãe ou da casa da avó. Outros também pedem pra reformar para transformar a antiga máquina em objeto de decoração‘, conta o técnico.
Impossível não reparar
Quem entra na oficina de Seu Lúcio não consegue deixar de reparar nas placas que decoram a fachada. Ele explica que as placas se tornaram parte do cenário de seu local de trabalho no ano passado. ‘No Dia das Mães, me bateu uma saudade imensa da minha mãe, que tinha acabado de falecer. Então eu escrevi: ’Dia da Mãe é todos os dias’. E assim começou‘, conta.
Hoje, Seu Lúcio coloca todos os dias de manhã em frente à oficina mais de dez placas. Os recados são diversificados, desde provérbios bíblicos, passando por recados antitabagismo, até frases criadas pelo próprio proprietário. Segundo ele, os dizeres nascem com uma ajuda divina. ‘Muitas vezes eu peço a Deus e as frases vêm naturalmente. Eu não posso parar para criar, elas aparecem naturalmente, geralmente durante o trabalho‘, explica.
Segundo Seu Lúcio, já houve quem reclamasse das placas, mas, segundo o comerciante, os elogios são frequentes. ‘Muitos param aqui na oficina apenas para elogiar. Alguns revelam que até choram com os recados e isso me deixa muito feliz. Então vou continuar com as minhas placas e alegrando a vida de alguém que estiver passando por aqui‘, conclui Seu Lúcio.
Gerson Klaina |
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Mais de 300 máquinas guardadas, que também comercializa. |
Gerson Klaina |
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Apesar de algumas reclamações, maioria elogia as placas. |