Ser piloto profissional é um sonho que poucos conseguem realizar. Entre esses poucos, o sexo feminino é minoria: a aviação ainda é território que poucas mulheres arriscam a explorar. Mas uma curitibana está virando exemplo de que a situação está começando a mudar. Vivian Tosin, 23 anos, está a caminho de se tornar piloto comercial. Ela é uma das sete mulheres a ganhar bolsa de estudos do Programa de Formação de Pilotos para Aviação Civil da Agência Nacional de Aviação (Anac).

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Já tendo concluído o curso de Piloto Privado (PP), Vivian conta que a vantagem de ter um certificado de Piloto Comercial (PC) é grande: “Vou poder ganhar dinheiro para pilotar”, comemora. Ela calcula que até o final do ano o curso já deve estar concluído. Com a habilitação, ela pode se tornar profissional da aviação civil e trabalhar em empresas de táxi-aéreo, por exemplo, ou em linhas aéreas, mais futuramente.

Mas não foi o dinheiro o motivo de Vivian ter ingressado na carreira. Ser piloto é um sonho que vem desde a sua infância. “Começou cedo. Meu pai sempre me levava a shows aéreos”, diz. Ela lembra que, em um dos shows que foi, quando criança, teve a oportunidade de voar pela primeira vez. “Depois disso, já soube que era o que eu queria fazer.”

Após concluir o ensino médio, Vivian ingressou no curso de Ciências Aeronáuticas na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), em 2003. E a maior parte do curso de PP foi feita em Joinville, tendo como instrutora também uma mulher, a piloto Rossana Potier, que hoje voa pela TAM. E é nas grandes empresas aéreas que Vivian também quer ingressar.

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“Mas para isso são necessárias de 1,5 mil a 2 mil horas de vôo”, informa. Para conseguir essas horas, ela já tem um plano definido: após concluir o curso de Piloto Comercial – ela já iniciou as aulas no Aeroclube de Caxias do Sul (RS) -, ela deve fazer um curso de instrutor de vôo. “É o melhor caminho para alcançar mil horas.”

Por mais que esteja entrando em um seleto grupo de 677 mulheres, em um universo de 102 mil pilotos de aeronaves e helicópteros habilitados no Brasil até hoje, Vivian diz que não tem sofrido preconceito. “O tratamento é igual”, afirma. Ela diz que conheceu apenas duas mulheres que atuam como piloto comercial: uma parente distante, que pilota helicóptero, e sua primeira instrutora, Rossana.

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Bolsas

Das 175 vagas para as bolsas de estudos da Anac, 111 já foram preenchidas. Os cursos são ministrados em 11 aeroclubes no Rio Grande do Sul. A bolsa cobre 75% dos custos dos cursos. Os alunos, que vêm de pelo menos nove estados diferentes, participaram de um processo seletivo que teve prova objetiva e Exame de Proficiência Técnica. O custo para a formação de piloto é bastante salgado: está em torno de R$ 7 mil, para PP, e R$ 26 mil, para PC, somente para formação prática (horas de vôo) em aeronave monomotora. Isso sem incluir os valores da formação teórica e outras despesas eventuais.

As bolsas de estudo da Anac fazem parte de um projeto para a formação de novos pilotos para a aviação civil. Está sendo desenvolvido, por enquanto, apenas na Quinta Gerência Regional da Anac, no Rio Grande do Sul. A iniciativa, segundo a Agência, visa promover, além do desenvolvimento e fomento do setor, contribui para evitar “uma eventual escassez de mão-de-obra especializada para a aviação comercial no Brasil”.