Apesar de todos os apelos em prol da prevenção, ainda é grande o número de mulheres que perdem a vida em função do câncer de mama. A cada ano, no Brasil, são diagnosticados cerca de 50 mil novos casos da doença. Destes, 12 mil pacientes morrem no primeiro ano após a descoberta do problema.
Os dados são do Instituto Humanista de Desenvolvimento Social (Humsol), que ontem, em Curitiba, realizou ações em prol do Dia de Luta contra o Câncer de Mama. Na Boca Maldita, durante toda manhã e parte da tarde, a população foi alertada sobre a importância do diagnóstico precoce da doença.
“Quando a paciente descobre cedo o problema, as chances de cura são bastante altas”, comentou a presidente do Instituto, Tânia Mary Gomez. “Por isso, é muito importante que as mulheres façam o autoexame para conhecer o próprio corpo e essencial que realizem mamografia de forma periódica. Esta é capaz de diagnosticar o câncer de maneira bastante precoce e deve ser realizada anualmente por mulheres com mais de 40 anos”, alerta.
O câncer de mama é mais frequente em mulheres com mais de cinquenta anos de idade. Porém, também é verificado em jovens. De acordo com o Humsol, nos últimos anos, o número de pacientes com menos de 35 anos atingidas pela doença aumentou de 6,7% do total de pacientes para 17,6%. Além disso, os homens também podem ser vítimas.
“De cada cem casos de câncer de mama, um acontece entre pessoas do sexo masculino. Entre os homens, a doença é bem mais rara. Entretanto, também costuma ser bem mais agressiva”, disse Tânia. “Ainda há muito preconceito em relação ao câncer de mama masculino, mas é importante que os homens também procurem informações sobre o assunto e tirem dúvidas com seus médicos”.
A também integrante do Instituto, Terezinha Andrade Possebom, teve câncer de mama diagnosticado em 2006, quando o tumor tinha apenas 8 milímetros. Ela teve que passar por 22 sessões de quimioterapia e ter sua mama direita retirada e refeita. Apesar de tudo, está totalmente curada e leva vida normal.
“Só descobri o câncer em estágio inicial porque fiz mamografia preventiva. Se não tivesse realizado o exame, as consequências seriam muito piores. Apesar da doença, é importante não perder a alegria e a vontade de viver”, comentou.
Exames imediatos
Joyce Carvalho
Diolinda Kaiser, 63 anos, foi uma das pessoas atendidas ontem na Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele. No Paraná, o atendimento aconteceu em três centros de saúde de Curitiba e nas principais cidades do Estado. Diolinda foi até o Hospital de Clínicas (HC) depois de ver o cartaz da campanha em um ônibus. Ela tem pele e olhos claros e está no grupo com maior risco.
A Região Sul do País é a que tem maior incidência de câncer de pele por causa da descendência europeia. “Já me analisaram e eu saí tratada”, comenta Diolinda, que é descendente de alemães.
Uma enorme fila se formou no HC com pessoas que buscaram o serviço. Todas passaram por uma avaliação inicial. “Eu estava com uma mancha nas costas e eu achei que poderia ser o início de um câncer. Mas não era nada e fiquei mais aliviada”, conta Eva Fátima Siqueira, que foi ao HC só para ser atendida na campanha.
Os casos confirmados de câncer de pele e os que mereciam um atenção especial foram encaminhados diretamente para tratamento. Foi a situação de Diolinda, que sofreu a aplicação de nitrogênio líquido em várias partes dos braços e do rosto. “O nitrogênio destrói o tecido afetado pelo excesso de frio”, explica o médico dermatologista Jesus Santamaria, chefe do serviço de Dermatologia do HC.
A médica Fabiane Brenner, professora de Dermatologia do HC, orienta a população a buscar o serviço de saúde assim que perceber que alguma pinta cresceu, mudou de cor ou s,angrou. As pessoas ainda devem ficar atentas às manchas e feridas que não cicatrizam.
Diagnóstico precoce em crianças foi lembrado no Barigui
Voluntários e pessoas atendidas pela Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia (APACN) se juntaram ontem pela manhã com frequentadores do Parque Barigui, em Curitiba, para fazer um alerta sobre a importância do diagnóstico precoce nos casos de câncer infanto-juvenil. Os participantes da caminhada ainda receberam cartilhas educativas sobre os primeiros sintomas da doença. A leucemia é o principal tipo de câncer que atinge esta faixa etária.
A campanha, que é relativa ao Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto-Juvenil (lembrado em 23 de novembro), está na sexta edição. A caminhada se tornou o ponto alto da mobilização. “A gente sente que vem crescendo a cada ano. Antes, falar de câncer era considerado agressivo. Nem informações as pessoas queriam”, comenta a presidente da APACN, Vera Andretta.
Uma das participantes da caminhada foi Caroline dos Santos Wolinger, de 7 anos, uma das crianças que mora atualmente no lar da APACN. Ela faz tratamento de uma a duas vezes por semana no Hospital de Clínicas. Caroline já está há quase 11 meses na instituição. “Quero caminhar na frente de todo mundo”, comentou. A mãe dela, Janete Aparecida dos Santos, conta que as duas saíram de Palmas, na região centro-sul do Paraná, direto para a APACN assim que a doença foi diagnosticada. “O câncer já estava em um estágio avançado. Agora a Caroline está na fase consolidada do tratamento, não precisa mais ir todos os dias para o hospital “, declara. Apesar do sucesso de Caroline, a APACN alerta que o diagnóstico precoce pode reduzir o número de óbitos.
Além da caminhada, a instituição chamou ontem a população para a doação de sangue e inclusão no cadastro nacional de doadores de medula óssea. (JC)