Foto: Anderson Tozato |
O levantamento permitiu identificar diversas características dessa parcela da população. continua após a publicidade |
Em Curitiba, 2.776 pessoas vivem na rua, segundo a primeira Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua divulgada ontem pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em Brasília.
Entre as 71 cidades pesquisadas (48 municípios com mais de 300 mil habitantes e 23 capitais), Curitiba apresentou a segunda maior proporção, com percentual de 0,154 de moradores de rua em relação à população total.
Em primeiro lugar ficou a cidade de São José dos Campos (SP), com percentual de 0,274 (1.633 habitantes). Com percentual de 0,118, aparece Juiz de Fora (MG), na terceira colocação. Londrina e Maringá foram as outras duas cidades paranaenses analisadas, apresentando percentual de 0,059 (296 moradores de rua) e 0,069 (226 pessoas), respectivamente.
A pesquisa foi aplicada a quem vive em calçadas, praças, rodovias, parques, viadutos, postos de gasolina, praias, barcos, túneis, depósitos, prédios abandonados, becos, lixões e ferro-velho ou passam a noite em albergues, abrigos, igrejas e casas de passagem e apoio.
Coletados em outubro de 2007, os dados mostram que existem 31.922 adultos em situação de rua, o que corresponde a 0,061% da população total das localidades pesquisadas. A maioria (82%) é composta por homens e 53% estão na faixa de 25 a 44 anos. Os resultados vão servir para aprimorar a política nacional voltada a essa população.
Perfil
Mais que a quantidade, o levantamento permitiu identificar diversas características dessa parcela da população. Grande parte dela (88,5%) não é atendida por programas governamentais. A aposentadoria, o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) atingem, no máximo, pouco mais de 3% dos moradores de rua. ?Mendigos? e ?pedintes? não são maioria: apenas 16% dessas pessoas pedem dinheiro para sobreviver.
Por outro lado, 72% afirmaram exercer alguma atividade remunerada, sendo que a mais freqüente citada, que corresponde a 28%, foi a coleta de material reciclável. Outros tipos de trabalho que apareceram no resultado foram ?flanelinha? e carregador, na construção civil e no setor de limpeza. Quase a metade desses habitantes nunca teve a carteira de trabalho assinada. A renda, na maioria dos casos, varia de R$ 20 a R$ 80 semanais.
Entre os motivos citados para passarem a viver nas ruas, alcoolismo e drogas foram apontados por 35,5% dos entrevistados, seguido por desemprego (30%) e conflitos familiares (29%). Em relação à alfabetização, 74% sabem ler e escrever, mas 63,5% não concluíram o ensino fundamental.
Prefeitura contesta dados
O resultado foi encarado com surpresa pela Fundação de Ação Social (FAS), da Prefeitura de Curitiba, que contabilizou no mesmo período da pesquisa 1.095 pessoas vivendo na rua na capital. De acordo com o diretor de Proteção Social Especial da FAS, Adriano Guzzoni, houve um equívoco na pesquisa. ?Esse dado não corresponde à realidade. A Meta, empresa contratada para fazer o levantamento, teve problemas na execução da pesquisa, com troca de pesquisadores, que acabou replicando dados.?
Ele informou que a FAS deve entrar com um pedido no MDS para revisão dos números divulgados. Segundo registros da FAS, a maioria da população de rua de Curitiba é composta por homens de 26 a 35 anos. A escolaridade predominante é até a quarta série primária, o que reflete, em média, o perfil nacional da pesquisa do MDS.
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