Pela primeira vez, mais da metade da população brasileira (51%) está acima do peso. Curitiba está um pouco à frente da média nacional, com índice de 51,6% – contra 43,7% em 2006. Na capital, o sobrepeso atinge 55,5% dos homens (ante 54% no País) e 48,1% das mulheres (são 48% nacionalmente). Já o número de obesos na cidade passou de 12,3% para 16,3% nos últimos seis anos. Os dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2012, divulgada ontem pelo Ministério da Saúde.

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O cardiologista e professor da Universidade Federal do Paraná, Paulo Roberto Cruz Marquetti, destaca que a obesidade infantil é preocupante. Ele afirma que é preciso mudar os lanches escolares. Segundo o especialista, os alunos devem trocar o refrigerante por suco natural, carboidratos por frutas e quando consumir salgados, preferir os assados no lugar dos fritos. “Nós estamos em uma epidemia de obesidade e as pessoas não estão se dando conta. Nossas crianças estão obesas”. O cardiologista orienta também dividir o prato em quatro partes. Duas partes devem ser de salada, uma de legumes cozidos e a outra de carne magra grelhada.

Orientações

Dentre os fatores que contribuem para o aumento dos índices de sobrepeso estão a má alimentação e o sedentarismo. Segundo a endocrinologista Daniele Zazinelli, as pessoas nem sequer se sentam para comer. A médica afirma que muitos comem em maior quantidade e menor frequência, quando o ideal é o contrário. Outro ponto destacado é a velocidade para as refeições. A quantidade de mastigação é cada vez menor.

Daniele destaca que é preciso mudança de hábitos. As pessoas que praticam atividades físicas normalmente mudam a alimentação e sentem menos fome. É indicada a prática mínima de 150 minutos por semana, que podem ser divididos em 30 minutos em cinco dias. O gasto calórico deve ser maior ou proporcional à ingestão. Os atletas, por exemplo, têm alimentação com alto valor calórico porque gastam bastante durante as atividades. Também influenciam no ganho de peso: falta de sono, estresse e fatores psicológicos, como depressão e ansiedade.

Atendimento nos postos de saúde

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O excesso de peso pode favorecer o desenvolvimento de doenças como diabetes, hipertensão, apneia do sono, doenças cardiovasculares e pulmonares. A circunferência abdominal também está diretamente ligada às doenças cardíacas e pode influenciar em caso de infarto e acidente vascular cerebral.

O diretor do departamento de atenção primária da Secretaria Municipal de Saúde, Paulo Poli Neto, afirma que para combater e prevenir o ganho de peso, as pessoas podem procurar as 109 unidades básicas de saúde. Lá são atendidas e recebem orientação inicial. Quando necessário, os atendidos são encaminhados para o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (Nasf), que conta com profissionais das áreas de nutrição, educação física e psicologia. Os atendimentos são individuais ou em grupos. Sobre os resultados, ele afirma: “o maior impacto é quando acontece a mudança cultural, mas não depende apenas dos profissionais”.

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