A exploração racional e de forma ordenada do Aqüífero Guarani, considerada a maior reserva subterrânea de água doce do mundo e que corta quatro países, será discutida no mês de abril em Curitiba. O encontro é da Unidade Nacional de Execução do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, cujo projeto envolve o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e visa desvendar as potencialidades e a forma de utilização dessa reserva.
Com 1,2 milhão de quilômetros quadrados, o aqüífero é visto como uma reserva estratégica para problemas como a escassez e poluição das águas superficiais. A coordenadora de Recursos Hídricos e Atmosféricos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Tânia Lúcia de Miranda, destaca que o Brasil precisa ter um compromisso maior com o assunto por abrigar dois terços de sua extensão, ou seja, cerca de 840 mil quilômetros quadrados. O Guarani passa pelos estados do Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
As reservas permanentes de água são da ordem de 45 trilhões de metros cúbicos. Só no Paraná, existem cerca de 50 poços de exploração do aqüífero, que abastecem uma população de 2,9 milhões de pessoas. Apesar de se conhecer os seus benefícios, Tânia destaca que existe a necessidade de estudar melhor as particularidades desse reservatório. ?Em alguns pontos de São Paulo, por exemplo, a água pode ser encontrada em áreas rasas, mas na Argentina chegam a mil metros de profundidade?, comentou.
Responsabilidade
A grande preocupação dos pesquisadores é a forma de exploração dessa água, que corre o risco de ser contaminada com a perfuração de poços inadequados, ou por poluição em suas áreas mais rasas. A coordenadora da Sema comenta que já foram identificadas situações irregulares, no interior paulista, com a rede de esgoto e contaminação por agrotóxicos. ?Para prevenir esse tipo de situação é que cada estado tem desenvolvido pesquisas para ampliar os conhecimentos sobre o Guarani?, falou.
Segundo ela, no Paraná a exploração da água subterrânea não é feita de forma desordenada, já que todos os procedimentos dependem de aprovação da Superintendência de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa). Durante o encontro em Curitiba – que acontece de 27 a 29 de abril – também será discutida a criação de um acordo internacional, para que cada país assuma sua responsabilidade da exploração e conservação do Guarani.