É fato, em qualquer prática: o trabalho em equipe, bem sintonizado, aumenta a probabilidade de bons resultados. Ciente disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apela para essa tática também no combate ao tabagismo e hoje, no Dia Mundial Sem Tabaco, propõe atividades com o tema "Profissionais da saúde contra o tabaco: ação e respostas". Com uma série de atribuições, propostas pelo Ministério da Saúde – dar exemplo, defender leis e políticas, educar, mobilizar, apoiar e informar -, profissionais de Curitiba entram em sintonia e atuam, principalmente, com o aconselhamento para acabar com um mal que leva à morte 200 mil brasileiros ao ano.
"O paciente vai guardando as mensagens até que um dia ele vai deixar isso (fumar) de lado", afirma Jonathan Reichert, pneumologista da Secretaria de Estado da Saúde e presidente da Sociedade Paranaense de Tisiologia e Doenças Torácicas. Ele explica que os profissionais da saúde também são formadores de opinião e, por isso, peças importantes no combate ao tabagismo. "A cada contato com o paciente, com uma abordagem mínima, já é importante", insiste Reichert.
Em Curitiba, nas 107 unidades de saúde e 96 clínicas odontológicas, anualmente, são registrados mais de 10,25 milhões de atendimentos (odontológico, médico e de enfermagem). Trabalham no setor cerca de seis mil funcionários, sendo 829 médicos. Se toda essa demanda, como se propõe a secretaria municipal, estiver consciente e preparada para trocar informações sobre o problema, o resultado certamente será positivo. "Vamos fazer hoje um trabalho interno e sensibilizar os próprios servidores da saúde, mas o aconselhamento é eficaz principalmente quando o paciente já procura o serviço com a vontade de parar", explica João Alberto Lopes Rodrigues, coordenador do Programa Municipal de Controle.
Segundo o médico, a dependência da nicotina é muito psicológica, por isso o município realiza a abordagem cognitivo-comportamental, que já tem resultado de até 30% de abandono do tabagismo, em até um ano.
A neurologista Mônica Maria Gomes da Silva é a favor das medidas mais drásticas e das informações mais bombásticas. "As campanhas das fotos no maço de cigarro são eficazes, mas o ideal seria poder mostrar um paciente doente de verdade, mas não dá. Sempre que a gente fala, lembramos desde a melhor coisa, que já é ruim, como ficar com o odor do cigarro e estragar a pele, até a pior, como o infarte do miocárdio, que pode trazer a morbidez, o derrame, que pode deixar a pessoa no leito, ou um câncer de pulmão. Quanto mais estivermos lembrando dos males, mais vamos conseguir combatê-los", afirma a médica.
Ainda como lembra Mônica Gomes da Silva, a nicotina é absorvida muito rapidamente e, em menos de 10 segundos, chega ao cérebro, por isso os danos ao órgão são prováveis a quem fuma. "O tabaco é um dos principais fatores de risco do derrame. Duas são as principais, e frequëntes, doenças que a gente atende aqui, cujo cigarro é fator, o derrame e a hemorragia cerebral. Mas poucos pacientes nos procuram para parar de fumar", afirma. A neurologista explica, ainda, um outro grave problema que pode vir com as várias tragadas. "Uma doença muito comum no Sul é a esclerose múltipla, que descobriram, recentemente, que o cigarro também é um fator de risco", afirma.