Destruição

Curitiba libera R$ 750 mil contra inundações

O recorde de temperatura registrado na última quinta-feira, em Curitiba (33,6ºC), trouxe sérias consequências para a cidade durante a noite do mesmo dia. Chuvas intensas, que começaram a partir das 21h de anteontem, causaram 97 alagamentos, 13 riscos de desabamento, 16 quedas de árvore e deixaram quatro casas destelhadas, segundo informações da Defesa Civil do Paraná.

A Secretaria Municipal de Defesa Social (SMDS) também computou os estragos: 122 atendimentos ligados aos alagamentos, quedas de árvores, uma erosão de galeria pluvial, quedas de muros (duas) e uma queda de poste. Cajuru e Boqueirão foram os bairros mais atingidos.

Segundo a SMDS, 1.397 famílias necessitaram de ajuda por conta dos alagamentos. Na Cidade Industrial de Curitiba, 500 famílias foram atendidas com 200 colchões, 200 cobertores e 200 cestas básicas. A secretaria informou ainda que 30 pessoas precisaram de abrigos durante a chuva. No Boqueirão, 620 famílias foram atendidas.

Mas os estragos não foram apenas na capital. De acordo com a Defesa Civil do Paraná, Paranaguá foi a cidade mais afetada. Dezesseis casas foram destelhadas e 21 árvores caíram. Em Guaratuba, três casas foram destelhadas e três árvores caíram. Em Pontal do Paraná foram 25 destelhamentos e quatro quedas de árvores.

Para a Companhia Paranaense de Energia (Copel), esse temporal foi o pior registrado nos últimos dois anos em Curitiba, região metropolitana e litoral. Segundo a companhia, 265 mil unidades consumidoras tiveram alguma interrupção nos serviços de eletricidade durante a tempestade.

Na capital, o temporal provocou desligamentos em 141 mil domicílios de 30 bairros, gerando quase 600 comunicações de ocorrências, cujos atendimentos mantiveram mobilizado todo o efetivo de emergências e de manutenção da Copel.

Na região metropolitana de Curitiba, 82 mil unidades enfrentaram problemas no suprimento de eletricidade. Ao todo, 420 ocorrências foram notificadas à Copel. No litoral do Paraná, os efeitos da chuva também foram sentidos em 41 mil domicílios de todas as cidades. Lá, foram 193 ocorrências. Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, o tempo permanece instável, com previsão de chuva para hoje e amanhã.

Revolta

Motivados pelos constantes alagamentos, moradores da Vila Lorena, no Uberaba, resolveram queimar pneus e bloquear a rotatória que liga as ruas Salgado Filho, João Hauer e Augusto Zibarth.

Segundo o morador Eduardo Pereira, ontem, logo que o dia clareou, os moradores iniciaram o protesto. “Estamos há anos pedindo a dragagem do Rio Belém. Falta infraestrutura e atenção. Essa foi a quarta vez apenas este ano”, conta.

De acordo com o casal Everton Desidoro e Ana Paula Desidoro, também do Uberaba, nada restou após as chuvas de quinta-feira. “Temos um filho de um ano, perdemos tudo que tínhamos comprado para ele. Cama, armário, televisão, foi tudo atingido”, lamentavam.

Segundo a prefeitura de Curitiba, um investimento de R$ 750 mil será destinado para realização de obras emergenciais para corrigir problemas de inundações nas margens dos rios Belém, Barigui e outros córregos da cidade afetados pela chuva.

Fábio Alexandre
Prefeito Beto Richa vistoria buraco aberto na Rua Eduardo Sprada.

Daniel Caron
Moradores do Uberaba protestaram: quarto alagamento este ano.

Duas pessoas desapareceram em rio

Joyce Carvalho

Duas pessoas permaneciam desaparecidas até o fechamento desta edição, ontem, após sofrerem uma queda com um veículo Gol em uma cratera aberta na esquina das ruas Eduardo Sprada e Luiz Tramontin, no bairro Campo Comprido, em Curitiba, na noite de quinta-feira.

Elas trafegavam durante o temporal, quando uma passagem para veículos cedeu na Rua Eduardo Sprada.

Outros dois veículos (Celta e Peugeot) também caíram no enorme buraco. Os ocupantes dos últimos dois carros conseguiram sair, enfrentando a forte correnteza do Rio Mossunguê, que estava muito acima do nível normal no momento do acidente.

As tubulações subterrâneas não suportaram o excesso de água e houve erosão. O prefeito de Curitiba, Beto Richa, visitou o local ontem pela manhã. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o Rio Mossunguê é raso e com uma correnteza fraca.

Mas, diante do volume de chuvas, rapidamente o nível da água aumentou. Equipes de resgate trabalharam no atendimento às vítimas e na procura às pessoas desaparecidas.

O Gol onde estavam ficou preso no leito do rio e precisou ser virado pelas equipes. Quando isso aconteceu, foi verificado que não havia ninguém no carro. No local, surgiu a informação de que seria um casal de noivos.

Até a noite de ontem, o Corpo de Bombeiros trabalhava na busca dos corpos. O Celta foi encontrado ontem pela manhã distante do local da cratera, próximo do campus da Uniandrade.

O ocupante do Peugeot conseguiu sair sozinho do veículo e foi socorrido por vizinhos. Segundo a família de Ricardo Stefani, tudo aconteceu por volta das 22h40, quando ele voltava de um curso para casa.

O motorista foi conduzido para uma Unidade de Saúde 24 horas, onde foi detectado um traumatismo craniano leve. De acordo com o prefeito Beto Richa, em apenas duas horas choveu a média de um mês inteiro.

“Nenhuma cidade está completamente preparada para isso, apesar das medidas de prevenção e obras de drenagem que temos feito. Em outras situações de chuva forte, Curitiba havia sido minimamente atingida. Não tem sistema de escoamento que vença tanta água em tão curto espaço de tempo”, comentou.

Equipes da Secretaria Municipal de Obras começaram ontem mesmo a trabalhar no local. Uma ponte de madeira reforçada será erguida para restabelecer a passagem de veículos, enquanto seguem as obras de restauro, que devem durar quatro meses. A prefeitura também atendia ontem, por toda a cidade, a população atingida por outros incidentes causados pelas fortes chuvas.

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