Em Curitiba, 9,18% da população vive em assentamentos espontâneos – o índice equivale a uma cidade de porte médio, com cerca de 150 mil habitantes. O dado foi apresentado ontem durante a Conferência das Cidades, realizada no Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba. Durante o dia todo houve longo debate sobre os principais desafios de Curitiba e Região Metropolitana, principalmente relacionados à habitação. Ao final, os participantes elaboraram um documento, que será apresentado na etapa estadual, no mês que vem, em Foz do Iguaçu. A etapa nacional, convocado pelo Ministério das Cidades, acontece em Brasília, em outubro.

“Nos últimos trinta anos, o Paraná passou por um processo de urbanização extremamente violento”, apontou Rosa Moura, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). “A população começou a sair do campo para a cidade. Algumas foram escolhidas por apresentar mais oportunidades de emprego.” É o caso das regiões Norte (Londrina e Maringá) e Leste (Curitiba e Região Metropolitana), principais destinos. De acordo com dados do Ipardes, de 1991 a 2000, mais de 200 municípios do Paraná perderam população, especialmente nas regiões Oeste e Noroeste.

“Os municípios praticamente dobraram, triplicaram em torno de Curitiba; locais pobres, periféricos, praticamente sem infra-estrutura”, lembrou, acrescentando que Curitiba sofre de demanda reprimida, uma vez que a população que chega, “é carente, necessita de creches, hospitais.” Outro problema, cita ela, é a desigualdade econômica e social.

“A maior taxa de crescimento do Paraná está em torno de Curitiba, com 2,7 milhões de habitantes na Região Metropolitana e crescimento de 2% ao ano em Curitiba”, diz Rosa. “É quase 30% da população do Paraná”, acrescenta, referindo-se à RMC.

IBGE

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram crescimento do déficit habitacional no Brasil. No Paraná, em 2000, eram 256.907 domicílios, sendo 87,7% na área urbana. A RMC respondia por 19,5% do déficit total do Estado em 91, passando a responder por 28,6% em 2000. A elevação do déficit na RMC foi de 88,8%. Anualmente, o crescimento geométrico do déficit, na década, foi de 3% no Paraná e de 7,3% na RMC. Em contrapartida, revela o IBGE, o Paraná apresentava em 2000 um elevado número de domicílios vagos: 9% dos domicílios na área urbana e 15% da rural.

Para Luiz Fernando Braga, da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), existe uma inegável interdependência da capital e os municípios da RMC. “Se fecharmos as fronteiras do município, Curitiba não teria água para beber, nem onde colocar o seu lixo. Curitiba também tem passivos na questão da sustentabilidade”, declarou. Segundo ele, a disposição da Comec é de promover política de gestão pública e democratização das informações.

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