Curitiba deve ganhar o primeiro museu sobre o holocausto da América Latina. O professor de história antiga da Universidade Tuiuti do Paraná, Sérgio Alberto Feldman, conta que boa parte do acervo já está montada. Mas, como a idéia é personalizar o museu, ainda serão coletados depoimentos e objetos de sobreviventes da tragédia, que moram em Curitiba. Historiadores afirmam que o holocausto exterminou cerca de seis milhões de judeus durante a II Guerra Mundial.
Segundo o professor, Curitiba é uma cidade que valoriza a imigração, por isso seria importante a criação de um museu para lembrar o povo judeu, contando a história do holocausto e das pessoas que encontraram refúgio no País, especialmente na capital paranaense. “Estou para entrevistar uma senhora que passou pelos campos de concentração e vive na cidade, e outros que viveram experiências semelhantes”, revela Feldman. Ele explica que algumas dessas pessoas já morreram, mas os depoimentos foram documentados por uma equipe de Steven Spielberg, em 1997. De cerca de 30 entrevistados, foram gravados perto de 20 vídeos.
Feldman também passou um mês em Israel fazendo uma coleta tematizada de fotos. Entre elas, a história dos guetos onde os judeus ficaram enclausurados para morrer de fome e doenças. Também será contada a história das deportações: “Os nazistas acharam que ainda estava morrendo pouca gente nos guetos e começaram a levá-los para os campos de concentração. Os mais fracos mulheres, idosos e crianças, iam para a câmara de gás. Os homens faziam trabalhos forçados”, conta.
Além disso, o professor possui um vasto material pessoal sobre o assunto. Segundo ele, várias pessoas estão colaborando para criar o museu que deve ser inaugurado no segundo semestre de 2005. Mas ainda não existe um local definido. “O passado nos faz refletir sobre o presente. Hoje observamos tantos conflitos”, comenta, lembrando ainda que no século XX ocorreram os genocídios mais violentos da história contra diversas minorias, e o museu também fará menção a elas.