Curitiba é a quinta cidade brasileira no ranking da taxa de mortalidade em acidentes de trânsito por 100 mil habitantes. O dado é de 2005. Na capital, o índice chegou a 24,6, bem acima da maior cidade brasileira, São Paulo, cuja taxa foi de 14,1.
A capital paranaense perde para Palmas (25,5), no Tocantins, Goiânia (28,4), Boa Vista (30,6) e Campo Grande (31,5). Esta é apenas uma das constatações de uma ampla pesquisa divulgada ontem pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).
Já todo o Paraná, por sua vez, também traz dados alarmantes. Segundo a pesquisa da Abramet, intitulada de Acidentes de Trânsito no Brasil: a situação nas capitais, em 2006, o Paraná foi o segundo estado em números absolutos de acidentes – ocorreram 38.919 no ano – perdendo apenas para São Paulo, que registrou 120.564 acidentes no mesmo período.
Em Curitiba, porém, o número de acidentes veio com um ritmo desacelerado de 2004 a 2005, mas acelerado de 2005 para 2006. Enquanto em 2005 ocorreram 6.588 acidentes com vítimas na capital paranaense, em 2006 foram registrados 6.973.
Quando o assunto é taxa de acidentes por 100 mil habitantes, a situação é mais animadora, pois Curitiba ficou em nono lugar no ranking das capitais em 2006 (389,9). O primeiro lugar ficou com Boa Vista (857,2). Em segundo vem Campo Grande, com 591,9, e em terceiro, Palmas, com 560,9.
O professor do doutorado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Clovis Ultramari, diz que um conjunto de fatores faz com que Curitiba tenha tantos acidentes e mortes. Um deles, segundo o professor, é a questão da taxa de motorização, que aumentou muito nos últimos anos. Há cerca de três anos, a taxa era de uma pessoa para dez veículos, hoje já chega a 1,7 pessoa para cada carro.
“Temos que ser bastante cautelosos ao analisar as pesquisas, pois elas dependem de dados pré-existentes. Dessa forma, as cidades que possuem um sistema mais eficiente de coleta de dados podem apresentar índices maiores de acidentes e mortalidades, por exemplo. E também tem a questão da urbanização. Quanto mais urbana for a cidade, mais acidentes. Sem falar que as grandes cidades recebem um grande número de pessoas de municípios vizinhos, o que aumenta ainda mais a frota”, analisou.
Nacional
Segundo a pesquisa, que irá virar livro, o número de acidentes no trânsito das capitais brasileiras caiu entre 1999 e 2006, mas houve um crescimento nos índices de mortes. Isso significa que os acidentes ficaram mais violentos.
Primeira em frota
Além do número de acidentes e de mortalidade, a pesquisa divulgada ontem pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) também traz informações sobre a frota de veículos das grandes cidades, deixando a capital paranaense com um índice igualmente surpreendente: a frota de veículos em Curitiba, medida por mil habitantes, é de 553,8, a primeira entre as 26 capitais e o Distrito Federal.
Para se ter uma idéia, a cidade ganha de São Paulo, cuja taxa por mil habitantes é 457,3. Porto Alegre e Florianópolis, também no sul do País, apresentam taxas de 398,5 e 482,7, respectivamente.
A taxa de veículos por mil habitantes no País chegou a 328,8 em 2006. Em 2005 foi de 313,5. Em Curitiba, porém, a taxa cresceu do ano 2000 ao ano 2006. Em 2000, a taxa na capital paranaense era de 420,2, em 2001 subiu para 452,5, chegando a 500,5 em 2004, e 553,8 em 2006.
Para o professor do doutorado em Gestão Urbana da PUCPR, Clovis Ultramari, independentemente da qualidade do transporte público, em Curitiba há a tradição de cada pessoa ter o seu próprio carro. “Temos uma das melhores rendas do País, o que contribui para a compra de veículos”, comentou.
Tipos
Os tipos de acidentes que mais ocorrem em todo o País são colisões e abalroamentos, seguidos pelos atropelamentos. As vítimas mais comuns são os pedestres, seguidos dos ocupantes dos veículos e pelos motociclistas.