Fiscalização

Curitiba deverá ter radares móveis

Uma cena comum nas ruas monitoradas por radares em Curitiba é a freada dos motoristas quando observam o equipamento e depois aceleram trafegando novamente a uma velocidade superior à permitida no trecho quando já não existe mais o “perigo” pela frente.

Mas a “esperteza” de muitos condutores pode acabar em breve. A prefeitura de Curitiba pretende fazer uma nova licitação para o serviço de radares estáticos (os conhecidos radares móveis) na cidade. Eles seriam colocados principalmente nos trechos entre radares fixos para coibir a alternância de velocidade na mesma via.

A prática se torna corriqueira a partir do momento que o motorista conhece a localização exata de todos os radares pelos trechos onde passa. Existem condutores que fazem questão de frear bem no ponto onde está o radar.

Com o novo contrato para a prestação deste serviço na cidade, alguns radares serão remanejados de local. No entanto, de qualquer maneira, o motorista poderá memorizar onde eles estão rapidamente.

Uma das medidas para coibir o desrespeito à legislação, além da instalação dos radares móveis, seria medir a velocidade média do veículo no trajeto entre dois radares móveis. Isso é possível levando em consideração o tempo que o veículo levou para cumprir o trecho.

“Está para sair uma resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) que vai permitir autuar pela velocidade média do veículo”, comenta Rosângela Battistella, diretora de trânsito da Urbanização de Curitiba (Urbs), que gerencia o tráfego da cidade. Na Linha Verde, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, podem ser colocados radares móveis para o mesmo objetivo.

Um exemplo da conduta dos motoristas curitibanos nas ruas com radares aconteceu quando os aparelhos foram desligados por decisão judicial, em dezembro do ano passado. A média de infrações, das 2 mil diárias normalmente, subiu para 5 mil nos primeiros dias sem fiscalização.

“O motorista curitibano é um infrator contumaz. Há muitos casos de motoristas que recebem muitas multas, várias delas no mesmo local, inclusive”, afirma Battistella.

A prática de desacelerar somente perto dos radares pode ser explicada pela sinalização. Em Curitiba, os postes dos radares estão pintados em verde e há linhas no pavimento indicando a presença dos equipamentos. O Contran obriga a sinalização dos radares, fato muito criticado por especialistas.

“O motorista pensa que, quando não tem sinalização, pode fazer o que quer. A resolução do Contran de avisar onde está o radar é um absurdo. Quem fez a resolução deve ser responsabilizado por um número de mortes no Brasil. Houve muita insistência nesta resolução. É o único país do mundo onde os radares são sinalizados”, analisa Osias Baptista Neto, especialista em trânsito de Belo Horizonte.

Equipamentos eletrônicos são indispensáveis nas metrópoles

Cidades de médio ou grande portes não conseguem mais ficar sem os equipamentos eletrônicos para a gestão do trânsito. E um desses artifícios é o radar. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira de Monitoramento e Controle Eletrônico de Trânsito (Abramcet), Silvio Médici.

“Os radares são primordiais na questão segurança. Há estudos que indicam a redução de 60% nos acidentes onde estão instalados. No Brasil, os índices de mortes no trânsito são altíssimos. Cabe às autoridades fiscalizarem e o radar ajuda muito nisto”, revela.

,De acordo com o especialista Osias Baptista Neto, o radar é uma ferramenta de proteção e prevenção. “O radar é um instrumento para que uma pessoa não seja vítima de um motorista em alta velocidade”, ressalta.

Em Curitiba, desde que os radares que fiscalizam a velocidade foram instalados, em 1999, houve redução na quantidade de acidentes. Em 10 anos, a queda foi de 8,7% (passou de 26.522 para 24.212 em 2009). Entretanto, se levar em conta o crescimento da frota na capital, existe um decréscimo de 45,7% nos acidentes.

No mesmo período, a quantidade de veículos em Curitiba cresceu 68% e o aumento da população foi 17,28%. Os dados são da Diretoria de Trânsito (Diretran) da Urbs, com base nas informações do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), Departamento de Trânsito do Paraná (Detran/PR), Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano passado, foram 573.795 autos de infração em Curitiba, a maioria por excesso de velocidade (35%).

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