Para evitar prejuízos com a chegada da chuva, Curitiba está implantando o Plano Diretor de Drenagem. A finalidade é fazer um melhor diagnóstico sobre as condições das bacias hidrográficas do estado, pois há previsão de chuvas intensas até março. De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, as precipitações serão acompanhadas de raios e rajadas de vento fortes.
Segundo a engenheira do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba Marlise Jorge o plano vai reforçar o trabalho de revitalização dos rios, adequação da estrutura de drenagem, implantação de bacias de contenção, monitoramento do lançamento de esgoto e ações de desassoreamento, limpeza e drenagem. “O resultado desse trabalho está diretamente ligado ao futuro da cidade. Com medidas adequadas e tomadas a tempo é possível reverter um quadro que, sem ações preventivas, pode resultar em prejuízo para a população e para a cidade.”
Uma das medidas já adotadas pela prefeitura é a exigência de implantação de caixas de contenção de águas pluviais. Conforme o tamanho do terreno e o percentual de área impermeável, é definida a área reservada à caixa de contenção. A medida vale para empreendimentos residenciais ou comerciais. A área impermeável do terreno é o espaço no qual a água da chuva não pode alcançar o subsolo.
Levantamento da Secretaria de Obras feito nos últimos sete anos mostra que Curitiba tem hoje 150 mil metros cúbicos de caixas de contenção. O objetivo é que, no pico da chuva, a água fique no imóvel e não sobrecarregue a estrutura da cidade para o escoamento de água.
Marlise Jorge destaca também a importância do trabalho de conscientização com a população que vive no entorno das áreas de risco. O lixo, segundo ela, muitas vezes, é a principal causa de obstrução dos rios e canais. “A contribuição da população, cuidando do rio que fica próximo a sua casa, é muito importante.”
Além disso, o Instituto das Águas do Paraná trabalha com uma rede de monitoramento sobre alterações do clima e faz previsões em tempo real. A medida faz parte do Sistema de Previsão de Cheias, do governo do estado. Essas informações servem de base para simulações que vão identificar onde há risco de enchentes. São 34 estações telemétricas enviando informações em tempo real. Esses procedimentos, na avaliação do diretor técnico de Saneamento do instituto, Carlos Alberto Galerani, vão funcionar apenas como “anestésicos” se o problema não for combatido com ações estruturais.
“Lógico que é importante a informação e rapidez no atendimento, mas mais importante é estar atento para evitar o problema e para isso são necessárias obras que possam conter as cheias provocadas pelas chuvas.”
Entre as várias medidas adotadas pelo Paraná, ele destaca a construção de parques em áreas de várzeas para evitar ocupações irregulares. “O Instituto Ambiental do Paraná e o Instituto das Águas não fornecem licenças para a aprovação de loteamentos nessas áreas.”