A vocação do mar de Guaratuba para o cultivo de ostras e mariscos tornou o local um dos pontos de atuação do projeto Cultimar, desenvolvido pelo Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos Ambientais (Gia) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O objetivo maior do projeto é capacitar as famílias locais, antes dedicadas à pesca e ao extrativismo, à criação de ostras e camarões em fazendas.
"É uma forma de dar a essas famílias uma rentabilidade certa, além de garantir a qualidade do produto fornecido", diz Leandro Ângelo, um dos coordenadores do projeto, que além de Guaratuba atinge a comunidade caiçara da Ilha das Peças.
Inicialmente, a idéia do projeto era oferecer módulos de capacitação para que os pescadores passassem a criar ostras. Entretanto, o projeto cresceu e hoje também oferece a aproximação dos produtores locais com os donos de restaurantes. "Estamos tentando acabar com o atravessador, que lucra em cima dos produtores." Para facilitar as negociações, o Cultimar dispõe de um economista que presta orientação aos produtores, facilitando a comercialização. "O Cultimar não obtém lucro, apenas orienta os caiçaras como obtê-los", diz.
O diferencial pregado pelo projeto é o controle da qualidade das ostras oferecidas aos restaurantes. Através de um processo desenvolvido no laboratório do Gia, há um trabalho forte de vigilância sanitária, que dá um certificado às ostras produzidas. "Para o desenvolvimento econômico, é fundamental que se assegure a qualidade do produto. Estamos ajudando os produtores a obter esse controle", diz Ângelo.
Uma das primeiras famílias a aderirem ao projeto foi a de Humberto Kirchner, precursora no cultivo de ostras em Guaratuba. "Começamos em 1986 e aderimos ao projeto não só para melhorar a qualidade do nosso trabalho como também para auxiliar na capacitação dos novos produtores", diz Kirchner.
Mar e Cultura
Na Ilha das Peças, o Cultimar tem ainda mais um braço, fora o caráter social-econômico. Trata-se do Mar e Cultura, que visa o resgate da história da colônia de pescadores. "Sob a coordenação de Renato Pereira, da comunidade local, senhores que trabalhavam com a pesca recebem uma determinada quantia para contar suas histórias aos mais jovens", diz Ângelo.