Cruzamento artificial pode salvar a árvore símbolo do Paraná

A araucária, símbolo do Paraná, corre o risco de ser extinta. Mas há uma esperança. Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) conseguiram realizar cruzamentos artificiais com araucárias que estavam separadas por mais de 100 quilômetros de distância. Com isso, haverá a possibilidade de recompor as florestas com combinações genéticas que a natureza, sozinha, já não está mais conseguindo produzir. A pesquisa, realizada dentro da Pós-graduação em Produção Vegetal do Setor de Ciências Agrárias da UFPR – é um grande avanço no estudo da araucária que, apesar de sua importância, era pouca conhecida. Na semana passada, foram colhidos os primeiros pinhões resultantes do cruzamento direcionado.  

Tudo começou há duas décadas, quando foram iniciados os estudos da propagação vegetativa da araucária. Por mais de 13 anos, os pesquisadores experimentaram técnicas para a multiplicação in vitro, o que originou a expressão ?pinheiro de proveta?. Em 2000, as árvores resultantes desta técnica atingiram a fase adulta e entraram na fase de reprodução. A araucária é uma espécie dióica, ou seja, precisa de árvores macho e fêmea para se reproduzir.

O exemplar que desenvolveu a ?flor feminina? estava em Santa Catarina, isolada de qualquer outro pinheiro. As pinhas formadas nesta araucária eram muito pequenas. ?Foi aí que surgiu a idéia de colher o pólen e polinizar a araucária. Começamos a procurar o método, mas a nossa literatura é muito fraca sobre qual seria o momento certo para cruzar?, conta o professor Flávio Zanette, da UFPR.

Essa foi uma fase com muitas dificuldades, pois era necessário ir até a copa das araucárias. Depois de várias tentativas, foi firmada uma parceria com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), em 2003. A empresa forneceu equipamentos semelhantes aos usados em consertos da rede elétrica em pontos altos. A pesquisa permitiu o conhecimento de todo o ciclo reprodutivo da araucária.

Com isso, os pesquisadores isolaram a flor da árvore ?fêmea? com um saco plástico. Quando estava no ponto de polinização, o pólen (colhido previamente) foi colocado na flor e os pesquisadores a isolaram novamente. Deu certo.

O próximo passo foi testar a técnica em exemplares que estavam distantes geograficamente. O pólen foi colhido em Guarapuava e em Lages (SC) e o cruzamento aconteceu em Curitiba. As pinhas cresceram e a primeira colheita de pinhões foi na semana passada.

Técnica

Para o professor Flávio Zanette, a técnica de reprodução dirigida pode permitir a recomposição da cobertura com araucárias. Durante a colheita dos pinhões resultantes do cruzamento, na semana passada, as equipes da UFPR e do Centro Nacional de Florestas da Embrapa localizada em Colombo, na Grande Curitiba lançaram a idéia de criação do Dia da Floresta de Araucária. O objetivo é motivar a discussão sobre a espécie.

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