Em audiência realizada ontem pela manhã, representantes da Associação de Moradores e Empresários do Bigorrilho e Campina do Siqueira reclamaram à Prefeitura sobre a atuação dos carrinheiros nos dois bairros. Segundo o presidente da associação, Paulo Bueno Neto, falta regulação no setor e hoje os contribuintes pagam por um serviço que não está sendo realizado pela administração municipal.
De acordo com ele, além de causar transtornos no trânsito e sujar as ruas, o atual modelo não contribui para a melhora de vida dos coletores. ?É uma situação desumana. Não bastasse isso, eles não têm direitos trabalhistas nem aposentadoria. É escravidão, coisa do século XIX?, afirmou. A sugestão dada pela associação é que a cidade seja segmentada e que, em áreas de grande densidade populacional, a coleta fique exclusivamente a cargo da adiministração municipal, que depois repassaria o material aos catadores. Paulo cobrou ação por parte da Prefeitura. ?O tempo vai dizer se vai haver uma modificação?, resumiu, após a audiência.
Segundo a coordenadora de resíduos sólidos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Marilza de Oliveira Dias, a coleta seletiva do município atende aos dois bairros de forma satisfatória. ?No Bigorrilho, os caminhões passam três vezes por semana e, no Campina do Siqueira, duas. Precisamos da colaboração dos moradores no sentido de só por o lixo para fora nos horários marcados?, explicou. De acordo com ela, a questão dos carrinheiros surge porque os materiais têm valor de revenda. ?É uma carência social, mas o trabalho que os catadores fazem traz benefícios para a sociedade?, comentou.
Catadores
Para o presidente do Instituto Lixo e Cidadania, Waldomiro Ferreira da Luz, a ação da associação de moradores seria muito mais produtiva se tentasse uma parceria com os carrinheiros organizados, como já acontece com alguns condomínios do próprio Bigorrilho. ?Aqui temos regras para os associados: não pode andar alcoolizado, não pode levar criança junto, não pode sujar a rua?, explicou. O instituto estima em 7 mil o número de carrinheiros em Curitiba. Destes, cerca de 400 estão organizados em 14 associações. ?Mas ainda há 32 grupos que estão se organizando com o apoio do instituto?, informou.