Com o fim das férias escolares, muitas crianças podem se mostrar arredias no momento do retorno às aulas. É considerado normal que, nas primeiras semanas, alguns estudantes não consigam acordar, percam a hora ou façam um pouco de manha no momento de ir para a escola. Porém, a situação começa a ficar preocupante quando meninos e meninas demonstram sofrimento real quando é cogitada a ida ao colégio.
?Alguns comportamentos indicam que a criança possui uma dificuldade mais acentuada em enfrentar o ambiente escolar. Entre eles, crise de ansiedade, na qual o estudante chora intensamente, aparecimento de febre sem motivo aparente e mesmo falta de ar?, explica a psicóloga, psicanalista e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Rosa Marini Mariotto.
Segundo ela, a causa do problema pode ser subjetiva, estar associada a razões familiares ou questões ligadas ao próprio ambiente escolar. No que diz respeito à família, muitas vezes as pessoas da casa podem encarar o próprio trabalho como um sacrifício imposto, uma prisão ou um fardo, inconscientemente incentivando a criança a sentir o mesmo em relação à escola.
?A escola é o trabalho da criança e não deve ser um fardo. Porém, algumas crianças têm dificuldades em abandonar os prazeres desfrutados no período das férias para voltar à rotina. Geralmente a escola é associada ao cumprimento de regras e perda da liberdade?, afirma Rosa. Também relacionado ao ambiente familiar está o excesso de proteção ou cobrança dos pais, que podem fazer com que os filhos passem a se sentir impotentes diante do ambiente escolar, procurando refúgio no ambiente doméstico.
Em relação ao ambiente escolar, muitas vezes ele não é visto como um ambiente familiar. Dessa forma, ao invés de encontrar dispositivos para se adaptar ao lugar, muitas crianças acabam o enxergando como uma ameaça. ?Podem ser vistos como ameaça uma professora nova, um coleguinha agressivo ou a dificuldade diante de uma matéria ou conteúdo.?
Para superar o problema, a psicóloga aconselha os pais a dialogarem com seus filhos, conversarem com professores e, se necessário, procurarem ajuda profissional. Porém, as escolas também devem estar atentas. Muitas, como o Colégio Bom Jesus, já começam a criar estratégias para que as crianças se sintam mais à vontade e melhor ambientadas. ?Nos primeiros dias de aula, é sempre realizada uma série de dinâmicas onde se dá importância à individualidade de cada aluno. Atualmente, a educação está muito ligada ao sentimento?, diz a assessora pedagógica da instituição, Ana Patrícia Queiroz Leite.