Cerca de 300 crianças entre seis e onze anos de idade, alunas da escola estadual Bento Mossurunga, no Alto Boqueirão, em Curitiba, saíram ontem às ruas pedindo paz. Segurando faixas e cartazes, elas percorreram cerca de 2 quilômetros nas proximidades do colégio, entregando panfletos à população.
O protesto faz parte do Projeto Escola Participativa, Construindo Segurança, coordenado pelo Instituto de Defesa de Direitos Humanos (Iddeah), com apoio do Ministério da Justiça. O Escola Participativa é um dos 50 projetos sociais selecionados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para receber o Prêmio Governabilidade Local 2002.
A diretora da escola Bento Mossurunga, Elenita Bonfati, explica que a idéia principal é acabar com a violência na região. “A pracinha (em frente ao colégio), por exemplo, já não era mais da comunidade. Sempre havia crianças e adolescentes consumindo drogas. Agora, existe até uma escolinha de futebol”, conta. A transformação, segundo ela, se deve à atuação do Instituto de Defesa de Direitos Humanos, com o apoio da Guarda Municipal, Polícia Militar e Posto de Saúde. “A passeata é também um alerta à população”.
De acordo com o coordenador do Iddeah, José Fernando Eberhardt, a iniciativa de mobilização partiu da própria escola. “O Escola Participativa despertou o interesse da comunidade em preservar o patrimônio público através de ações coletivas”, conta. O projeto está sendo aplicado em sete escolas de Curitiba, mas a idéia é ampliar para trinta.
Sem guerras
O estudante da 3.ª série, Edson Varela Duarte, 11 anos, era um dos participantes da caminhada. Segurando um cartaz que ele mesmo fez – o desenho de uma pomba -, Edson revela que considera o bairro “um pouco violento.” Para ele, paz é sinônimo de um mundo sem guerras e brigas. Luiz Felipe, 8 anos, aluno da 3.ª série, concorda. “Paz é sossego, é carinho”, opina. Nos braços, ele trazia um cartaz em forma de coração com vários recortes de pessoas sorrindo.