Em comemoração ao Dia da Caminhada para a Escola -International Walk to School Day, celebrado em 21 países -, 180 alunos da Escola Estadual Dom Ático distribuíram ontem rosas e mensagens de paz no trânsito aos motoristas que passaram em frente ao colégio, localizado na Vila Guaíra, em Curitiba. A iniciativa é da Organização Não-Governamental (ONG) Criança Segura, dentro do programa educativo Criança Segura Pedestre. Os últimos dados nacionais indicam que, no ano de 2000, 1.150 crianças de até 14 anos morreram atropeladas no País. É a principal causa de mortalidade infantil, dentre os motivos externos. Em Curitiba, foram mais de 348 atendimentos do Siate e 22 crianças vítimas fatais.
De acordo com a coordenadora administrativa da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia, um dos objetivos do programa é reduzir o número de acidentes envolvendo crianças. “Mapeamos em Curitiba todos os cruzamentos onde o Siate atendeu a crianças de até 14 anos, entre 2000 e 2001, e vimos que a maior parte dos acidentes ocorre próximos às escolas, principalmente no centro”, conta. Desde que a campanha foi criada, em setembro do ano passado, o programa já atendeu oito escolas de Curitiba. Até o final do ano, outras quatro deverão ser atendidas.
“Promovemos atividades educativas, como jogos, teatros e gincanas, além da parte prática, que é escolher pontos estratégicos e levar as crianças à rua para ver se elas realmente aprenderam”, explica Alessandra. Segundo ela, uma das maiores dificuldades é justamente a parte prática. “Alguns sabem de cor os cuidados que devem tomar, mas não seguem isso”, lamenta.
Problemas
Além da falta de conscientização e da própria educação, Alessandra aponta outros problemas que colaboram no aumento do número de atropelamentos. É o caso de falta de calçadas, lixos, caçambas que atrapalham a visão, falta de sinalização, ruas, avenidas e rodovias projetadas sem considerar a segurança do pedestre.
Outro agravante é o excesso de velocidade dos veículos que passam próximos à área escolar.
Para o representante comercial Rubens Mariano da Silva Júnior, 35 anos, motociclista que foi abordado pelas crianças com uma rosa e mensagem de paz, a iniciativa é válida. “Motoqueiro não tem uma fama boa, e o pior é que ele faz jus à fama que tem. Campanhas como esta sempre ajudam”, opina. O vendedor Paulo Henrique Silva, 26 anos, concorda. “É bom que as pessoas tenham consciência sobre os perigos do trânsito desde pequenas.” E acrescenta que toma “o máximo de cuidado” quando dirige perto de escolas.
As crianças que participaram da campanha também aprovaram a iniciativa. “Eu olho para os dois lados e sempre vejo se o sinal está verde para atravessar”, fala Kimberly Kelly dos Santos, 9 anos, que mora a uma quadra da escola onde estuda. Cleiton Ribeiro, 10 anos, repete praticamente as mesmas palavras. “Eu olho para os dois lados da rua e atravesso na faixa.” O desafio, agora, é que a conscientização não fique apenas em um dia de campanha.
Algumas dicas de segurança
Crianças menores de dez anos devem sempre atravessar a rua acompanhadas de um adulto; mesmo na faixa de pedestre, olhe várias vezes para os dois lados e só depois atravesse a rua em linha reta. Quando não houver faixa de pedestre ou semáforo, procure uma passarela ou o local mais seguro.
Sempre caminhe na calçada e longe da rua. Brincadeiras só em áreas seguras, como parques e jardins. Ao andar em estradas ou vias sem calçadas, siga no sentido contrário aos veículos para ver e ser visto.
Quando estiver acompanhado de mais pessoas, caminhe em fila única; ao desembarcar do ônibus, espere que o veículo pare totalmente e aguarde que ele se afaste para atravessar a rua. Nunca atravesse a rua por trás de ônibus, carros, árvores e postes onde os veículos em movimento não podem vê-lo; em dias chuvosos e à noite, use roupas claras.