Alguns representaram papéis de juiz, promotor, advogado, réu e testemunhas. |
Os freqüentes furtos de material escolar e a exclusão de um aluno portador de deficiência foram os casos reais julgados ontem, durante um júri simulado no Tribunal do Júri de Curitiba. Estudantes do ensino fundamental de duas escolas municipais da capital foram os que comandaram o julgamento, representando papéis, como juiz, promotor, réu e testemunhas.
A simulação faz parte do encerramento das atividades do projeto Justiça se aprende na escola, desenvolvido em parceira com a Associação dos Magistrados do Paraná, Secretaria Municipal de Educação, Pontifícia Universidade Católica e Tribunal de Justiça. Desde o início do ano, cerca de 1,3 mil alunos de oito escolas da rede municipal estão envolvidos no projeto, que consiste em palestras na escola, visita ao TJ, discussões em sala de aula e a realização do júri.
De acordo com o juiz Marcos Galliano Daros, o projeto começou há mais de oito anos e foi pioneiro no Brasil. Ele consiste em promover uma interação com a comunidade, para que ela tenha uma maior compreensão do que é a Justiça e como ela funciona. “A partir das crianças, também procuramos conscientizar os pais e professores, trabalhando os conceitos da lei”, disse.
O juiz ressaltou que nas visitas feitas nas escolas as crianças tiram dúvidas sobre a legislação, principalmente de situações que envolvem o seu cotidiano. “Eles querem saber sobre pensão alimentícia, conduta inadequada em relação aos colegas e professores”, disse Daros. “Quanto ao Estatuto da Criança e do Adolescente, mostramos que não vivemos só de direitos, mas também do cumprimento de obrigações.”
Preparação
A escolha do tema levado ao julgamento é feita pelos próprios alunos, dentro da realidade que vivem na escola. A professora da Escola Municipal Heitor de Alencar Furtado, Josseane Gabriel Scheidweiler, disse que a discussão desses problemas internos acaba ajudando a amenizar os conflitos. Segundo ela, a experiência de participar de um júri, pesquisando e desempenhando funções que eles desconheciam, ajuda no desenvolvimento da criança. “Isso auxilia no despertar vocacional dos alunos, pois muitos almejam ser jogador de futebol ou ator, que são as profissões em destaque na televisão”, disse.
Para a diretora da Escola Municipal Loeonor Castellano, Nádia Mara Zeni de Sá, através do projeto, as crianças aprendem sobre a função da Justiça para a sociedade e como exercer seus direitos. A aluna Aline Mendes dos Santos, de 9 anos – a juíza no júri simulado -, diz que a partir de agora sabe a importância da Justiça e que, por meio dela, será possível promover a paz. A “advogada” Bárbara de Almeida, 10, afirmou que conheceu melhor a profissão e que deverá estudar Direito quando crescer.