Passar o verão com as crianças na praia requer cuidados especiais para evitar situações de emergência, principalmente com as menores de cinco anos. Produtos de limpeza, geralmente a disposição para colocar em ordem a casa de veraneio, assim como repelentes elétricos de insetos, que ficam em locais de fácil acesso, são alguns exemplos com os quais as crianças podem se intoxicar.
Esses produtos devem ser deixados fora do alcance das crianças. “Embalagens de produtos de limpeza têm cores fortes e são muito fáceis de abrir. Para crianças de até cinco anos, que estão na fase oral, de querer colocar tudo na boca, isso é um perigo”, alerta a chefe da Divisão de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), Gisélia Rubio. Ao serem ingeridas, essas substâncias geralmente são cáusticas, podendo corroer garganta, esôfago e o aparelho respiratório.
Hábitos como trocar a embalagem do produto têm que ser deixados de lado, sugere Gisélia. “Ainda tem muita gente que coloca água sanitária em garrafa de água”, exemplifica.
Medicamentos também devem ser guardados em locais de mais difícil acesso para os pequenos. “Coloridos, se parecem com bala, sem contar xarope com essência de fruta, que é saboroso para a criança. O problema é que ela não vai querer uma colherinha, mas sim o frasco inteiro”, diz a profissional da Sesa.
Os pais devem explicar para as crianças o perigo desses produtos, não apenas dizer “não mexa”. “Falar isso é praticamente pedir para que a criança faça exatamente o contrário”, afirma Gisélia.
Mesmo tomando cuidado, se a criança ingerir algum produto tóxico, o responsável deve levá-la imediatamente a um serviço médico de emergência, preferencialmente levando junto a embalagem do produto, que ajuda o profissional de saúde a entender o que a criança ingeriu.
Números
Produtos químicos como medicamentos, agrotóxicos, raticidas e metais provocaram a morte de 73 pessoas no Paraná no ano passado. Ao total, foram 6.524 notificações por intoxicação no Estado, decorrentes de acidentes e de atitudes intencionais. Desse total, 2.569 foram intoxicações por medicamentos (39%). Intoxicações por agrotóxico foram 537 casos e, por produtos de limpeza, 396.
Recomendações em caso de acidente
Caso aconteça algum acidente de intoxicação com as crianças, a recomendação é se dirigir imediatamente para o serviço de saúde mais próximo, sem nunca tentar provocar o vômito, porque substâncias tóxicas podem causar um dano ainda maior no organismo.
A crença de fazer a criança beber leite também é lenda. Alguns medicamentos podem ser, inclusive, potencializados quando estiverem em contato com a gordura presente no leite. Se o produto ingerido tiver derramado na roupa, deve-se trocar imediatamente e, se a substância espirrar nos olhos, lavar o rosto com água corrente.
Para auxiliar a esclarecer dúvidas, o Paraná conta com quatro telefones específicos para atendimento: Centro de Controle de Envenenamento de Curitiba (0800-41-0148); Centro de Informação Toxicológica de Londrina ((43) 3371-2244); Centro de Controle de Intoxicações de Maringá ((44) 2101-9127) e Centro de Assistência em Toxicologia de Cascavel (0800-645-1148). O serviço funciona 24 horas por dia.