No Brasil, assim como no resto do mundo, o número de meninos e meninas vítimas de maus tratos, dentro da própria casa, é alto. Só na capital paranaense, segundo a Prefeitura, o SOS Criança, de janeiro a agosto deste ano, atendeu 1992 crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica, de um total de 4.488 atendimentos gerais.
O assunto vai ser discutido hoje, a partir das 19h, no auditório do Cefet, em Curitiba, como parte da Semana da Criança e do Adolescente. O evento termina no próximo dia 4 e é promovido pela organização não governamental Centro de Convivência Menina Mulher (CCMM).
A presidente da entidade, Valderês Aparecida Hallu, revela que entre os principais tipos de violência sofridos por crianças e adolescentes dentro de casa estão: agressão moral, física e sexual. Os agentes violadores podem ser tanto os pais verdadeiros, quanto madrastas, padrastos, tios, irmãos mais velhos e pessoas com outros graus de parentesco. “Um terço dos casos de violência sexual costumam acontecer com os meninos. As meninas são as maiores vítimas, porém os garotos geralmente estão mais expostos a espancamentos e outras formas de agressão física”, explica.
Na maioria das vezes, os maiores alvos da violência doméstica são as crianças pequenas e os pré-adolescentes. Quando eles ficam mais velhos, para escapar dos agressores, costumam fugir de casa ou, no caso das mulheres, encontrar um namorado que ilusoriamente possa as defender. Nas ruas, estes adolescentes acabam expostos a outros tipos de violência, inclusive ao contato com álcool e outras drogas.
Causas
Segundo Valderês, a violência dentro de casa é reflexo da ausência de valores e da desestruturação das famílias, que por sua vez é reflexo de uma sociedade em conflito constante. “As pessoas em geral costumam descontar seus problemas em quem está mais perto e não pode revidar”, afirma. As angústias dos adultos podem ser causadas tanto pelo desemprego, quanto pelo alcoolismo, pela falta de condições financeiras e outros problemas.
A solução, na opinião de Valderês, deve ser uma preocupação constante de toda a sociedade. As vítimas de agressão devem ser encaminhadas a equipes multidisciplinares ? compostas por psicólogos, assistentes sociais, terapeutas educacionais e educadores sociais – que possam lhes ajudar a superar os traumas e recuperar a auto-estima. “Deve-se buscar a valorização das crianças e adolescentes violentados, ajudando-os a fazer escolhas e a novamente se sentirem pessoas dignas e respeitadas.” A superação dos problemas pode se dar através da arte, do esporte, do retorno aos estudos, do aprendizado de uma profissão e de manifestações de carinho.
Show
No próximo dia 29, como parte das atividades da Semana da Criança e do Adolescente, o CCMM estará promovendo o show Criança Paraná. O evento será no Moinho São Roque (rua Desembargador Westphalen, 4000), às 14h, e contará com a apresentação de diversas bandas. Também acontecerão um desfile de moda e participações do ator Thiago Fragoso e do radialista Paulo Jalaska. O ingresso é um brinquedo novo, a ser doado a crianças carentes.
Centro reintegra meninas
Cintia Végas
O Centro de Convivência Menina Mulher (CCMM) é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que iniciou seus trabalhos há oito anos. O principal objetivo é a reintegração social de meninas e adolescentes “em situação de risco e vulnerabilidade social”.
Localizada na Rua Eugênio Parolin, em Curitiba, promove oficinas de arte, cursos semiprofissionalizantes ? como informática, corte e costura e cabeleireiro ?, além de atividades lúdicas e reforço escolar.
Em convênio com a Secretaria Municipal da Criança, o CCMM abriga o programa Sentinela, elaborado pelo Ministério da Previdência para “desenvolver ações articuladas e especializadas no atendimento a crianças e adolescentes vitimizadas sexualmente”.
