Crianças do HC comemoram a vida

Vitória. Foi assim que Isabel Silva Moreira Souza definiu a participação dela e da filha Rachel na tradicional Festa do Transplante de Medula Óssea, realizada anualmente pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. A edição 2007 aconteceu ontem. A pequena Rachel, 7 anos, passou recentemente por um transplante de medula óssea para tratar a Anemia de Fanconi, doença hereditária que afeta a medula óssea e gera uma redução na produção de todos os tipos de células sanguíneas do organismo. A rara enfermidade causa a morte até os 40 anos de idade em 80% dos doentes.

Isabel saiu de Caldas Novas, em Goiás, para encontrar uma esperança para o outro filho, Rômulo, que nasceu com a Anemia de Fanconi. Ela veio para Curitiba e o garoto fez tratamento no HC. Mas a cura aconteceria apenas com o transplante de medula óssea. Na época, era feito somente o transplante aparentado, ou seja, o doador teria que vir da própria família. Ninguém compatível foi encontrado. Foi aí que Isabel pensou em engravidar de novo. Em 1999, nasceu Rachel. As chances de Rachel ser compatível eram de 25%. E isto se confirmou.

Foto: Daniel Derevecki

Rachel: vitória.

Mas o que era para ser uma chance para Rômulo, se tornou um problema em dobro: a menina também nasceu com a doença. O tratamento começou quando ainda era bebê. No entanto, como o irmão, era necessário um transplante. ?Ele partiu em 2005, aos 14 anos, sem fazer a cirurgia. Nesta época, já se fazia o transplante não-aparentado. Em outubro de 2006, apareceu um doador compatível 100% com os dois. O transplante de Rachel foi realizado em maio deste ano?, conta Isabel.

Hoje, Rachel irradia vida. A promessa dos médicos é de que tenha alta antes do Natal. Depois disso, a menina terá que vir para Curitiba uma vez por mês, para acompanhamento. Isto até chegar a apenas uma vez ao ano. ?Eu faria tudo novamente?, afirma Isabel, categoricamente. ?As dificuldades foram muitas. Receber as notícias foi como socos no estômago, pancadas daquelas que deixam você sem rumo. Foram muitos anos de ansiedade com o medo de perder. Mas valeu a pena. Este é um dia de vitória?.

Segundo o médico Ricardo Pasquini, chefe do serviço de medula óssea do Hospital de Clínicas, o grande problema hoje é a pequena quantidade de leitos para este tipo de transplante. Além disso, são poucos os recursos para a contratação de pessoal especializado. ?As doações de medula óssea são muito estimuladas, mas os transplantes esbarram na falta de leitos. E isto é complicado, ainda mais em uma doença grave. Temos programados transplantes até setembro de 2008?, declara.

O HC implantou o serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) há 28 anos. Foram realizados mais de 1,8 mil procedimentos. São 500 mil doadores no Brasil e 10 milhões em todo o mundo. A festa é realizada totalmente com doações e tem como objetivo promover a confraternização entre pacientes, familiares e equipe médica. 

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