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Crianças deixam os problemas de casa de lado quando estão no AMA

Quem vê as crianças no Instituto AMA (Associação Mantenedora de Apoio à Criança de Risco e de Câncer) brincando, conversando e dando risada, não diz que elas enfrentam problemas em casa. Lá elas esquecem que têm pais usuários de drogas, com dificuldades financeiras ou que vivem em outras situações de risco. E podem aproveitar a infância como a fase realmente deve ser.

O instituto foi fundado há dez anos, no Capão da Imbuia, e atende mensalmente 106 crianças – 55 em situação de risco social, que fazem atividades na sede de segunda a sexta-feira, e 51 que possuem doenças, como câncer e epilepsia, ou são portadoras de necessidades especiais, e recebem da AMA mensalmente medicamentos, fraldas, leites especiais ou outros itens que precisam.

Ciciro Back
A ideia é passar para as crianças valores diferentes, expectativa de uma vida melhor.

A responsável pelo instituto, Ezicléia Poss, de 36 anos, explica que os meninos e meninas atendidos são encaminhados pelos Centros de Referência em Assistência Social (Cras). “O Cras indica e nós fazemos uma visita para certificarmos que realmente a criança está em situação de risco social”, diz. Em muitos casos, o instituto atende mais de uma criança da mesma família.

As crianças que frequentam a AMA recebem desde os cuidados básicos, como banho e alimentação, a atividades pedagógicas, conforme a faixa etária. Há cerca de dois anos, o instituto começou a fazer o contraturno escolar – reforço para as atividades escolares – até os 12 anos de idade. “Percebemos que as maiorzinhas não tinham mais atendimento e começaram a ir para as ruas. Aí abrimos o contraturno e temos um acordo com as vans que trazem as crianças da escola para cá”, conta Ezicléia.

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Ezicléia Poss: “Nesses dez anos nunca falhamos com nenhuma criança, seja com medicamentos, com leites especiais, com nada”.

Expectativa de vida melhor

A intenção do instituto é promover uma mudança de vida das crianças, que vivem em situações de risco. “Aqui dentro a gente passa para eles que tudo pode ser diferente, que não tem que ser como é em casa. São passados valores, uma expectativa de vida melhor”, afirma Ezicléia.

Cada criança atendida é tratada de forma única e acompanhada de perto. “Quando a criança começa a vir meio agressiva, ou chorando demais, a gente sabe que tem alguma coisa errada, porque já conhecemos o jeito deles. Aí fazemos contato com a família para sabermos o que está acontecendo”, explica Ezicléia. São organizadas ainda palestras explicando a importância dos cuidados com as crianças, para promover a mudança também na casa dos pequenos.

Tudo com doações

O instituto é mantido somente por doações voluntárias, através de contato telefônico. “Ligamos todos os dias, um por um, para conseguirmos nos manter. Nunca sabemos o que vamos conseguir, sabemos só o que precisamos, e vamos correr atrás para conseguir”, afirma Ezicléia. Mas, apesar das dificuldades, o esforço tem dado certo. “Nesses dez anos nunca falhamos com nenhuma criança, seja com medicamentos, com leites especiais, com nada&rdqu,o;, destaca. O retorno desse esforço está no rosto das próprias crianças. “É muito gratificante ver a alegria deles, a gente se realiza com esse trabalho”, comenta.

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