Ultrapassar os limites da geografia e da realidade socioeconômica por meio da prática de um esporte improvável em Curitiba, o surf. É exatamente o que um grupo de voluntários vinculados à Igreja Bola de Neve idealizou fazer há cinco anos e que, desde julho, começa a se tornar realidade por meio do projeto Surf Comunidade, no Centro da Juventude do Uberaba, localizado na Comunidade Icaraí.

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O líder do Ministério Jay Sea da Igreja Bola de Neve, Hélio Camargo Woicichowski, conhecido pelo apelido de ‘Batata’, desenvolveu o projeto com o objetivo de “estruturar” crianças e jovens em situação de risco por meio de um esporte que exige uma rotina saudável e respeito ao meio ambiente. “Aquele estigma de surfista envolvido com drogas não é compatível com tudo que o surf exige, como acordar bem cedo para pegar uma boa onda, não beber, etc. O esporte é uma porta de entrada para o desenvolvimentos de todos esses hábitos e o aprendizado de valores que transformam o ser humano”, avalia.

Felipe Rosa
Objetivo é ensinar hábitos saudáveis e valores transformadores. Confira no vídeo como funciona o projeto.

O coordenador do Surf Comunidade, Sérgio Mitsuaki Arimori, explica que os treinamentos são feitos na piscina e na turma existem alunos que nunca viram o mar ou que chegaram sem saber nadar. “Tinha quem se agarrava na borda da piscina feito um gato e em três meses já está mais confiante. Aliás, do primeiro para o segundo boletim que eles trouxeram para o nosso acompanhamento, todos melhoraram”, atesta.

Inspirado no Surf Escola desenvolvido no litoral paranaense, o Surf Comunidade também conta com o surfista Luiz Fernando Martins, o “Luli”, no grupo que todas as manhãs de sábado ministra as aulas do projeto. “A água é um ambiente diferente do nosso e isso contribui com que eles ajam diferente na água e aprendam a conviver melhor, em equipe”, aponta. Além da prática esportiva, eles adquirem conhecimento teórico sobre o mar, meio ambiente e cidadania. Para cada aula, uma equipe de oito voluntários é mobilizada, pois se faz necessário um professor em cada raia, outro para supervisionar quem está aguardando a vez na prancha e duas pessoas para preparar o lanche.

Felipe Rosa
Confira no vídeo como funciona o projeto.
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Mesmo com pouco tempo, algumas mães já notam a diferença nos filhos. “No início do ano, fui chamada seis vezes na escola porque o meu filho sempre se envolvia em briga. Faz dois meses que isso acabou”, revela a mãe de um dos alunos, Simone Kruliskoski, 29 anos.

Falta apoio pra ir ao mar

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Futuramente, os alunos devem testar suas habilidades no mar, já que muitos ainda não conferiram se a água é mesmo salgada. Segundo “Batata”, para realizar viagens ao litoral, o ideal seria adquirir uma van, mas isso depende de possíveis patrocinadores, assim como para a manutenção do projeto que, por ano, consome aproximadamente R$ 70 mil. Quem quiser ajudar pode entrar em contato pelo e-mail: batatahcw @gmail.com

Fel,ipe Rosa
Comportamento dos participantes na escola apresenta mudanças. Confira no vídeo como funciona o projeto.