Cresce oferta de transporte clandestino na temporada

Muitas pessoas, procurando fazer economia durante a temporada de praia, recorrem a uma prática perigosa: a utilização de ônibus e vans clandestinas. "O valor das passagens pode ser 50% mais barata do que o das linhas regularizadas", afirma Thadeu Castello Branco e Silva, diretor da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados do Paraná e Santa Catarina (Fepasc). Mas o diretor também alerta que, na maior parte das vezes, o barato acaba saindo caro. "Nenhum cidadão de bom senso deveria embarcar num veículo como esse. É um risco absurdo para economizar dinheiro", acredita.

A Fepasc, em parceria com os batalhões das polícias rodoviárias Estadual e Federal e o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), está patrocinando uma campanha de combate ao transporte clandestino no Estado. A idéia da campanha é alertar os passageiros para os riscos de embarcar num veículo clandestino. "Para ver como o perigo é grande, basta olhar para os destroços daquele ônibus que capotou na BR-277 em 2002 e matou 11 pessoas", diz Silva. A carcaça do veículo ao que o diretor se refere está até hoje no Posto da Polícia Rodoviária Federal no início da estrada que leva às praias. O acidente aconteceu porque o veículo, que não tinha autorização para levar passageiros, ficou sem freio, além de estar com os pneus completamente carecas.

Silva acredita que prevenir e alertar os passageiros sobre os riscos salva vidas. "Comparo a situação dos ônibus clandestinos com aquela boate que pegou fogo em Buenos Aires no fim do ano. Quem sabe quais são as condições das boates no nosso País? Eu, como pai, gostaria de ser alertado", aponta. Para ele, as pessoas não têm consciência que estão embarcando num veículo clandestino edevem, portanto, ser avisadas do risco que correm.

Pseudo -transporte

Para o diretor, é muito fácil descobrir um veículo clandestino. "Dá para ver de longe: são pseudo- ônibus, com pseudo- pneus, pseudo-poltronas e pseudo-motoristas", afirma, fazendo alusão ao mau estado de conservação dos veículos. O risco de acidentes aumenta mais, já que essas vans e ônibus geralmente não passam por revisão mecânica e, por vezes, não têm nem mesmo motoristas habilitados. "O mais grave é que esses motoristas ainda andam muito acima do limite permitido de velocidade, já que não há nenhum tipo de controle", acusa. Já as empresas regularizadas fazem esse tipo controle com seus motoristas.

Segundo o DER, as empresas regularizadas – de linhas regulares e de fretamento – devem fazer pelo menos uma revisão anual, ter seguro de responsabilidade civil exclusivo para passageiros, possuir motoristas habilitados e treinados para executar o serviço e estar em dia com todos os tributos necessários para a atividade comercial.

O diretor do Fepasc faz outra acusação grave: até mesmo ônibus escolares das redes públicas são utilizados como clandestinos durante os fins de semana, quando não estão ocupados levando alunos.

Litoral é rota principal

O diretor da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados do Paraná e Santa Catarina (Fepasc), Thadeu Castello Branco e Silva, afirma que no verão a principal rota dos veículos clandestinos é em direção ao litoral. "Se fecharmos a 277 nesta época, praticamente pegamos todos os clandestinos atuando no Paraná", diz. Em 2004, agentes da Operação Verão autuaram 227 veículos e fizeram cinco apreensões. Segundo o DER, as irregularidades encontradas vão desde falta de equipamentos básicos de segurança até a falta de documentação.

Ele conta ainda que, durante o ano, as rotas dos veículos clandestinos são mais amplas, atendendo o interior do Estado e principalmente indo em direção à Foz do Iguaçu, com os famosos ônibus de sacoleiros, mas os riscos são os mesmos. "Nas linhas regulares de ônibus os acidentes tendem a zero, assim como nas empresas de fretamento sérias", diz Silva.

Prevenção

Para saber se um veículo é registrado, o usuário deve exigir a apresentação do certificado de registro válido para a viagem pretendida, emitido pelo DER em caso de viagem dentro do Estado, ou pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em caso de viagem interestadual.

Confira os dados impressos no bilhete na hora da compra, principalmente horário e data da viagem. Antes de viajar, confira se seu nome está na lista de passageiros, que é obrigatória até mesmo em viagens de fretamento. Isso garante o recebimento de seguro em caso de acidentes. Se perceber que o motorista está cansado, é seu direito pedir que ele pare em local seguro para descansar. (DD)

Serviço – Reclamações, sugestões e até mesmo denúncias sobre transporte intermunicipal podem ser feitas pelo telefone 0800 410158.

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