Cresce consumo de livros infanto-juvenis no Brasil

?Ler é a arte de mastigar com os olhos e ver com os ouvidos?, já dizia o escritor gaúcho e membro da Academia Brasileira de Letras Carlos Nejar. Apesar desse fascínio pela leitura atingir uma pequena parcela da população brasileira – a média per capita é de um a dois livros anos, enquanto na Europa isso passa de 20 -, uma nova geração de leitores começa a chamar a atenção. O público infanto-juvenil já demostrou que tem potencial de consumo, e segundo a Câmara Brasileira de Livros os títulos voltadas para esse público apresentaram, em 2005, um crescimento nas vendas entre 5% a 10%.

Isso fez com que as editoras destinassem 30% dos lançamentos anuais para crianças e adolescentes. Um exemplo clássico desse crescimento é o fenômeno da série protagonizada pelo menino-bruxo Harry Potter. Os seis volumes lançados venderam mais de 300 milhões de exemplares em todo o mundo – a saga já foi traduzida para 63 idiomas, inclusive o farsi, idioma do Irã. O superintendente da editora Luz e Vida, Samuel Eberle conhece de perto essa ?fome? da criançada pela leitura. Com mais de cinqüenta anos no mercado, desde 1980 a empresa voltou sua atenção para o público infantil e infanto-juvenil, que hoje lideram a produção da editora.

Criador do personagem Smilingüido – uma formiga que sempre transmite mensagens positivas – e sua turma, a editora vende uma média de 80 mil gibis por mês com as aventuras do inseto. ?No final do ano lançamos uma série com 350 histórias. A nossa surpresa foi que o livro vendeu 6 mil exemplares em apenas um mês?, comentou Eberle. O superintendente atribui esse crescimento no mercado editorial a diversos fatores. Entre eles, a realização de feiras e exposições ?que fazem com que esse movimento em torno da leitura tenha frutos positivos, como criar desde pequeno uma afetividade com esse suporte que é o livro?. Outro ponto positivo, diz Eberle, são os incentivos fiscais voltados ao segmento – como isenção do ICMS e Cofins -, e os avanços tecnológicos que permitem uma produção com mais qualidade.

Eterno leitor

Além de aumentar a capacidade de pensar, refletir e argumentar, o gosto pela leitura incentivado desde cedo traz uma outra vantagem: ser eterno leitor. ?A criança que lê desde cedo abandona apenas a preferência, mudando, por exemplo, o gosto da ficção para o romance, mas nunca abandona os livros?, afirmou Eberle. Com apenas 12 anos, Yuri Garcia Vaz já leu mais de 50 livros, incluindo o de 750 páginas do Harry Potter, e a versão em inglês de Nas Margens do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei, de Paulo Coelho – que não terminou porque não gostou muito da história. Estimulado desde cedo, Lucas Adriano Rothstein Dias, de 8 anos também coleciona um grande número de livros lidos. Entre os preferidos estão as histórias do escritor Sérgio Klein e as aventuras do Smilingüido.

Para o psicólogo Eugênio Pereira de Paulo Júnior a leitura não deveria ser um hábito, mas uma necessidade. ?O desconforto que sentimos quando não escovamos os dentes, deveria ser o mesmoquando  ficamos sem ler?.

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