Com o avanço da medicina e o desenvolvimento das pesquisas com células-tronco, que já se revelaram eficazes no tratamento de diversas doenças, cresce o número de pessoas interessadas em armazenar o sangue do cordão umbilical, rico em células-tronco, de seus filhos para uma possível utilização no futuro.
Foi o que fez o casal curitibano Amauri e Marilda Ribas de Oliveira, que optou por congelar o sangue do cordão umbilical de sua filha, Ana Júlia, em um banco particular. Para isso, o casal desembolsou pouco mais de R$ 4 mil para o serviço de coleta, exames, processamento e armazenamento, e pagará ainda uma anuidade de R$ 520,00. "É um investimento, um seguro de vida. Tomara nunca precisar, mas se surgir a necessidade, sabemos que temos esse recurso", comenta Amauri. "Cabe a nós oferecer o melhor possível para a saúde e a educação de nossa filha. Se existe essa possibilidade e temos condições financeiras de fazer, temos mais é que fazer", completa.
Amauri e Marilda utilizaram o serviço da Cryogene – Criogenia Biológica. Com sede em Curitiba, o banco já congelou o sangue de mais de 300 cordões umbilicais. Armazenadas em tanques de nitrogênio líquido, as bolsas de sangue podem ser conservadas por tempo indeterminado. "A possibilidade de utilização deste material no futuro é muito grande, pensando em infortúnios comuns como problemas cardíacos, diabetes, complicações pulmonares e até doenças como o Alzheimer e o mal de Parkinson", explica o doutor em Genética Humana Fábio Rueda Faucz, um dos diretores do banco.
No Brasil, existem oito bancos particulares em que o sangue armazenado só pode ser utilizado pelo cliente, ou mediante sua autorização. Outra opção para os pais é a doação do sangue a um banco público, em que qualquer receptor compatível pode receber o sangue armazenado. O Brasil tem dois bancos públicos: um no Rio de Janeiro, no Instituto Nacional de Câncer; e outro em São Paulo, coordenado pelo Hospital Albert Einstein. Eles estão ligados a uma rede mundial, para que em qualquer lugar do planeta possa se encontrar células compatíveis.
Referência em transplantes de medula-óssea, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC) também vinha desenvolvendo um trabalho de armazenamento de sangue de cordão umbilical. No entanto, com a Resolução RDC 153, do Ministério da Saúde, que, em junho de 2004, determinou as normativas para o procedimento, o HC suspendeu as coletas até se adequar às novas exigências. "Já temos o espaço físico e boa parte dos equipamentos, falta apenas uma reestruturação. Como o hospital tinha outras prioridades, isso ficou para um segundo momento, mas há um esforço para que, ainda este ano, já estejamos filiados à rede de bancos públicos", revelou o diretor de corpo técnico do hospital, Celso Fernandes Ribeiro Araújo.
