Aos poucos a mediação começa a ser adotada no Brasil. Em Curitiba, as instituições especializadas na área já aparecem. Há três anos, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PR), mantém a Câmara de Mediação e Arbitragem. No entanto, segundo o coordenador do Conselho Consultivo do serviço, Claude Loewenthal, foi somente neste ano que a procura se intensificou. Hoje, a câmara está com 40 casos de mediação em andamento.
Loewenthal explica que mediador são pessoas – de qualquer área de atuação – especializadas em mediação. Ele chama de ?gerentes do diálogo?. No Crea essas pessoas estão disponíveis. ?Quando as pessoas têm algum conflito, qualquer que seja, o interessado vai lá, expõe o problema, que é avaliado. Verificado tratar-se de caso para mediação, a outra parte do conflito é convidada a uma reunião. As próprias partes encontram soluções para seus problemas?, explica.
Em média, entre 70% e 80% dos casos chegam a um acordo. ?É uma coisa duradoura e satisfatória para as partes. É cobrado, mas é barato (em média R$ 70 a hora). A outra vantagem é que normalmente chega-se a um acordo?, afirma Loewenthal.
Segundo o coordenador da câmara, mesmo que as partes não cheguem a um acordo, os ?mediados?, após as reuniões, se tornam pessoas diferentes. ?Dá para perceber. Eles não serão os mesmos depois da mediação. Isso faz com que as pessoas aprendam a ouvir o outro. Facilita o relacionamento, mesmo que não haja acordo?, diz Loewenthal. No entanto, segundo ele, é preciso estar atento aos serviços que hoje estão disponíveis. ?Tem muito profissional que não é capacitado?, alerta. Para as pessoas de baixa renda, que não têm condições de pagar pelo serviço, existe instituições como o Instituto de Administração de Conflitos de Mediação e Arbitragem (IMA), que disponibilizam gratuitamente.
Casos
Os problemas a resolver pela mediação podem ser de qualquer natureza. Um caso que, segundo Loewenthal, é bastante comum é o de problemas em obras e projetos de construção civil. O empresário Francisco Schiocchet teve que procurar, por esse motivo, a mediação. ?Eu estava construindo uma residência e a empresa contratada previa um prazo de término da obra. O que houve foi um desequilíbrio entre o desembolso do meu dinheiro e a prestação do serviço. Eu percebi que eu tinha dado mais dinheiro do que o serviço estava sendo feito. A obra começou a atrasar e chegou a uma situação insustentável?, conta Francisco.
O problema do empresário foi resolvido em uma câmara de mediação. ?Em uma reunião de duas horas já saímos de lá com propósitos estabelecidos. Minha obra andou em três meses o que não andou em um ano. Agora já está 98% construída?, diz. Francisco afirma que a mediação é útil justamente por dar tempo para as partes refletirem, impedindo as discussões mais agressivas e até as judiciais.