Foto: Chuniti Kawamura

Trânsito foi impedido.

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A estiagem prolongada, o tráfego pesado e a extração de água do Aqüífero Karst na região foram os principais fatores que causaram a abertura da cratera no bairro do Capivari, em Bocaiúva do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). As informações preliminares são da empresa Minerais do Paraná S/A (Mineropar). Mesmo com a interdição do trânsito de veículos no local, o buraco, que foi fechado pela segunda vez na última segunda-feira, começou a ceder novamente ontem.

De acordo com o diretor técnico da Mineropar, Rogério da Silva Felipe, um laudo completo sobre o ocorrido será elaborado pela empresa em conjunto com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a Superintendência de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa), mas as causas prováveis já podem ser apontadas. ?A geologia da região é feita de espaços vazios que são preenchidos com água. Quando há longa seca e extração do líquido, aplicando peso sobre a terra, ela vai se assentando até desmoronar?, disse.

Já para o secretário de Obras de Bocaiúva do Sul, Eli Mocelin Seccon, a causa da cratera é o poço artesiano da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), que retira água do subsolo há menos de 300 metros do local. ?Eles estavam muito interessados em fechar o buraco. Se não tivessem nada com isso, não ficavam lá o tempo todo?, afirmou. Segundo ele, a Prefeitura gastou 31 caminhões de pedra para tapar o buraco, que chegou a ter seis metros de diâmetro e nove de profundidade. Eli disse, ainda, que o prefeito Ademir Costacurta está buscando meios legais para desativar o poço que extrai água.

Rachaduras

Além do buraco, outros efeitos colaterais apareceram nas casas dos moradores do bairro. Na residência da dona de casa Lourdes Carrão, as rachaduras aumentaram de tamanho nos últimos meses. As maiores aparecem próximas aos rodapés e teto do imóvel. ?Antes, nem dava para perceber direito, mas agora tem por tudo?, disse.

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Em nota oficial, a Sanepar afirmou que a região do Capivari foi considerada ?frágil? no mapeamento geológico feito no Karst, em 1998. Mesmo assim, segundo a nota, não houve alterações na qualidade da água e na vazão obtida no poço que fica nas proximidades, o que ?seria o primeiro indício de correlação entre a extração da água e a existência da dolina (buraco)?. A empresa alega que a vazão retirada do poço (90 metros cúbicos por hora) é segura. A Sanepar informou, também, que vai discutir o fenômeno amanhã, em reunião com o prefeito e órgãos estaduais do meio ambiente.

Exploração desde 1991

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A exploração do Karst para abastecimento de água ocorre desde 1991, mas a discussão sobre sua viabilidade voltou com a execução de uma multa imposta, em 2001, à Sanepar por explorar águas subterrâneas sem licença ambiental. Com poços em seis municípios, a água retirada da estrutura hoje abastece 180 mil moradores da Região Metropolitana de Curitiba.

Mesmo com os benefícios, a extração é acusada de gerar transtornos para os moradores das áreas próximas aos poços. De acordo com o advogado Rafael Ferreira Filippin, membro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e também da organização não-governamental Liga Ambiental, a Sanepar não pode mais se esquivar do debate. ?Hoje, é tudo uma caixa-preta, ninguém sabe como é feito?, disse.

Para Silvano Buzato, membro da Câmara Técnica de Almirante Tamandaré para o assunto, nem mesmo a retirada dos poços pode tirar a culpa da Sanepar por futuros transtornos. ?O dano já está feito com a acomodação do solo?, explicou.