O desempenho dos estudantes que entraram na Universidade Federal do Paraná (UFPR) pelo sistema de cotas sociais (para oriundos de escolas públicas) surpreendeu a Reitoria em 2005 e 2006. Pesquisas realizadas pela Comissão de Acompanhamento dos Cotistas da UFPR indicaram que eles obtiveram índices de aprovação, de rendimento acadêmico e de periodização (conclusão do curso no tempo pré-estabelecido) mais altos do que os dos estudantes não-cotistas e dos cotistas raciais.
Enquanto a média dos estudantes que vieram de escolas públicas, nos últimos dois anos, foi de 6,3, a dos não-cotistas não passou de 6,1. Com relação às aprovações, a diferença entre não-cotistas e cotistas sociais não foi tão grande: 77% dos não-cotistas foram aprovados e 78% dos cotistas sociais conseguiram passar de ano. Com relação ao índice de rendimento acadêmico, a distância também não ficou tão grande: os não-cotistas obtiveram 62 pontos, contra 63 dos oriundos de escolas públicas.
?Ao contrário do que muitas pessoas pensavam, o aluno cotista acompanha muito bem a faculdade?, afirmou o reitor Carlos Augusto Moreira Júnior. A pró-reitora de graduação da UFPR, Rosana Albuquerque, disse que ficou surpresa ao comparar o desempenho um pouco abaixo dos cotistas, no vestibular, com o desempenho na faculdade. ?Estamos no caminho certo?, disse. Os negros também não ficaram muito atrás nos resultados em sala de aula. De acordo com as pesquisas da comissão, suas notas, seus índices de aprovação e de periodização não foram muito diferentes dos não-cotistas e dos oriundos de escolas públicas. A média dos negros, que entraram na UFPR pelo sistema de cotas, em 2005 e 2006, foi de 5,6. Já as aprovações ficaram em torno de 70% e o índice de rendimento acadêmico foi de 53 pontos.
Enquanto 49% dos não-cotistas concluem o curso no período pré-determinado, 52% dos oriundos de escolas públicas fazem o mesmo e, 39% dos negros também concluem no tempo certo.
Do total de vagas na UFPR, 20% são destinadas a cotistas de escolas públicas e 20% para negros, o que totaliza 800 vagas para cada categoria por ano. Porém, enquanto de 2004 a 2005 o número de cotistas aumentou na universidade, em 2006 e 2007 houve diminuição. Segundo a presidente da Comissão de Acompanhamento de Cotistas, Liliana Porto, isso se deve, entre outros fatores, à modificação da avaliação interna da segunda fase do vestibular – que pode ter diminuído a porcentagem de cotistas que chegam à segunda fase de provas – e também à falta de informação.
De acordo com Moreira Júnior, uma pesquisa realizada no Colégio Estadual do Paraná revelou que somente 20% dos estudantes conhecem o sistema de cotas. ?Vamos intensificar o trabalho com esses estudantes para divulgar mais o sistema?, afirmou o reitor.