Alguns alunos que foram aprovados no último vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) pelo sistema de cotas sociais estão perdendo a vaga. Isso porque eles não estão conseguindo comprovar a condição de terem concluído os ensinos fundamental e médio em escola pública. Nos dois primeiros dias de matrículas, cinco pessoas tiveram seus registros acadêmicos indeferidos. Esse tipo de situação também ocorreu no ano passado. Dos 831 aprovados pelas cotas sociais, 35 não tiveram o registro aceito.
O principal problema que vem ocorrendo, segundo a coordenadora do Núcleo de Acompanhamento Acadêmico da UFPR, Rosana de Albuquerque Sá Brito, são os alunos oriundos de escolas comunitárias – mantidas por igrejas ou comunidades. "Essas instituições, muitas vezes, recebem verbas do governo, mas através de convênios. Mas isso não significa que são escolas públicas", comenta. Outro problema são os alunos que ganharam bolsas de estudo para fazer o último ano do ensino médio – conhecido como terceirão – em escolas particulares. "Muitos desses alunos foram convidados para ingressar nessas escolas por serem bons alunos. Porém, perdem a condição de concorrer a vaga como cotista", explica Rosana.
O argumento de que a escola é vinculada ao sistema educacional, através da Secretaria de Estado da Educação, também não é aceito, pois, segundo a coordenadora, todas as escolas, públicas e privadas, precisam da autorização da secretaria para funcionar. Ela ressaltou ainda que o edital do concurso vestibular era bastante claro sobre as cotas sociais e inclusive trazia explicações sobre as características de escolas públicas – mantidas pelos governos municipal, estadual ou federal – e as comunitárias. "Não é porque o aluno não pagava mensalidade que a escola é pública", pondera.
No último concurso vestibular, dos 11.159 candidatos inscritos nas cotas sociais, 778 foram aprovados e 78 ainda estão no processo de seleção em cursos que terão uma terceira fase do vestibular. Dos alunos que tiveram a vaga indeferida no ano passado, alguns ingressaram na Justiça e conseguiram liminares que dão direito a acompanhar o curso. Porém a coordenadora da UFPR afirma que nenhum desses casos é definitivo e a liminar pode ser cassada a qualquer momento. "Entrar com um processo administrativo ou na Justiça comum é um direito do candidato. Mas isso não é garantia de que ele irá conseguir a vaga", finaliza.