Caminho das pedras

Corte de árvore referência sensibiliza moradores do Alto da XV

Há mais de uma semana, o corte de uma árvore Ficus elastica, conhecida como “Falsa Seringueira”, na Rua José de Alencar, Alto da XV, sensibilizou moradores e simpatizantes daquela que há muitos anos era uma referência da região. O ato gerou uma manifestação contra o corte de árvores e a prioridade dada ao trânsito em detrimento de outros aspectos da cidade.

“Era uma espécie de monumento do entorno, querida na região”, afirma o pedagogo Dráuzio Aparecido de Almeida, que aderiu ao movimento e faz uma crítica à falta de comunicação entre a prefeitura e os moradores, para decidirem juntos que solução seria tomada. “Mesmo que de fato fosse preciso o corte, não gostamos da maneira como foi feito. Simplesmente chegaram e cortaram”, avalia.

Ao mesmo tempo em que a população do Alto da XV lamenta o corte da Falsa Seringueira, moradores de um condomínio no Portão temem que um Pinheiro plantado no terreno há mais de 20 anos caia durante um temporal. A síndica Diolete Correa de Arzan conta que já fez pelo menos duas solicitações para que o corte seja autorizado, porém, os pedidos foram negados. “Isso preocupa bastante. Quando tem vento forte o pinheiro balança muito”, diz ela, que ainda conta que os pedidos dos moradores são constantes.

Apesar do receio, as vistorias realizadas pelo Meio Ambiente municipal apontaram que não há risco de queda da árvore, mas mesmo assim o medo persiste. “A gente também não corta porque a árvore é catalogada e existe multa. Algumas pessoas falam para fazermos um acordo, plantar outras, mas não aceitam”, diz.

Doug Oliveira/Cicloativismo
Retirada da Falsa Seringueira na José de Alencar gerou protesto.

Avaliação

“Na maioria das árvores autorizadas para corte percebemos o comprometimento, um buraco, inclinação excessiva. É isso que norteia as autorizações”, explica a diretora do departamento de produção vegetal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Erica Costa Mielke.

No caso específico da Falsa Seringueira, ela ressalta que a árvore apresentava comprometimento. Além disso, as raízes ocupavam toda a calçada e se estendiam para a pista dos carros. “Estava formando uma lombada no asfalto. Enquanto a alteração era na parte aérea e comprometia o sinaleiro, fazíamos a poda constante, durante anos”, relata. Alguns moradores também teriam solicitado a remoção.

De acordo com Erica, apenas 25% das solicitações para corte foram autorizadas na capital, no ano passado. Os outros 75% dos pedidos foram negados por falta de motivos técnicos que apontassem para a necessidade de retirada. “Negamos muito mais que autorizamos. E sempre que cortamos plantamos, no mínimo, outras duas, o mais perto possível do local”, garante. Árvores nativas, como os Pinheiros, recebem atenção especial.