Foto: Lucimar do Carmo/O Estado |
Pastor Renato fez um boletim de ocorrência no Nuciber. |
A Polícia Federal prendeu, semana passada, no Maranhão, 67 pessoas que integravam uma quadrilha especializada em desviar dinheiro de contas bancárias pela internet. Os bandidos utilizavam programas do tipo ?spyware? para capturar senhas bancárias dos correntistas. A grande maioria dos clientes pertencia aos bancos do Brasil e Caixa Econômica Federal. Mas quando os golpes envolvem bancos privados, as investigações nem sempre ocorrem da mesma forma, já que a polícia dificilmente tem acesso aos dados para poder trabalhar.
O pastor evangélico Renato Cordeiro foi vítima desse tipo de crime no dia 30 de junho. Além de desviar da sua conta corrente do banco Itaú a quantia de R$ 3,4 mil, os bandidos ainda fizeram um empréstimo pessoal no seu nome, no valor de R$ 5 mil, cujo contrato ele pagará em 24 parcelas de R$ 436. Cordeiro, que é cliente do banco desde 1990, conta que percebeu a fraude na noite do mesmo dia, e como era final de semana, teve que esperar até segunda-feira para ir ao banco. ?Eu relatei o que aconteceu para o gerente e ele me garantiu que os valores seriam devolvidos. Para isso bastava apenas eu escrever uma carta para o banco?, comentou. Porém o pastor teve devolvido pelo Itaú apenas R$ 787,29, e o restante o banco se nega a ressarcir.
Para tentar reaver o dinheiro, Renato Cordeiro fez um boletim de ocorrência no Núcleo de Combate aos Ciber Crimes (Nuciber), delegacia especializada em investigar crimes cometidos pela internet. Porém, depois de quase dois meses, ainda não teve a questão resolvida. O delegado titular do Nuciber, Demétrius Gonzaga de Oliveira, disse que a polícia tem muitas dificuldades de investigar esse tipo de crime porque os bancos não repassam nenhuma informação. ?Os bancos oficiais, Caixa e Banco do Brasil, são obrigados a repassar as informações para a Polícia Federal. Já os bancos privados não têm essa mesma obrigatoriedade e, quando precisamos de dados, temos que ingressar com um pedido judicial?, falou o delegado.
Segundo Oliveira, as instituições financeiras têm condições de passar muitas informações, como login, data e linha telefônica de onde as transações foram feitas, o que ajudaria muito nas investigações. Ele disse não entender por que mesmo tendo prejuízos, esses bancos não facilitam o trabalho da polícia. ?Quando eles ressarcem os clientes que tiveram as contas invadidas, teoricamente estão tendo um prejuízo. Então não entendo por que não procuram a polícia para tentar encontrar os bandidos que causaram essa perda?, desabafou.
A Federação Nacional dos Bancos (Febraban) informou, através de sua assessoria de imprensa, que cada banco é responsável por fazer ou não a comunicação dos crimes à polícia, e que a entidade não obriga as instituições a proceder dessa forma. Já o banco Itaú esclareceu, também através da assessoria de imprensa, que, no caso do pastor Renato Moreira não cabe ressarcimento, porque ?constatou-se que as transações contestadas foram realizadas com o uso da senha eletrônica, senha do cartão magnético e código do cartão de segurança, todos de uso exclusivo do cliente, portanto, consideradas transações regulares e por conseqüência não cabe ressarcimento?. O banco não se manifestou sobre a comunicação das invasões nas contas para a polícia.