Correios alegram centenas de crianças

Todo ano, desde o início de novembro, os Correios começam a receber centenas de cartinhas de crianças destinadas ao Papai Noel. Dentro dos envelopes, desenhos e letrinhas um pouco tremidas e inseguras, de pessoas que começam a ser alfabetizadas, expressam o desejo de ganhar um presente de Natal.

Para não decepcionar os pedintes e não acabar com a ilusão de que o bom velhinho realmente existe, funcionários dos Correios de todo Brasil se esforçam, desde 1991, para atender os pedidos de meninos e meninas mais carentes. No Paraná, em 2001, foram contabilizadas 2 mil cartas, mas apenas cem puderam ser atendidas. Este ano, também no Estado, foram 1.622 cartinhas recebidas. Destas, 348 já têm presentes garantidos.

Segundo a assessora de comunicação dos Correios e uma das coordenadoras do projeto Papai Noel dos Correios, Maria Aparecida Delezuk, os presentes arrecadados estão sendo levados às casas das crianças, por um funcionário dos Correios vestido de Papai Noel, desde a última sexta-feira. “Os presentes são doações dos próprios funcionários e também de integrantes da comunidade que souberam do projeto”, explica. “Durante várias semanas as cartinhas ficaram expostas na sala de imprensa dos Correios. Muitas pessoas leram, se identificaram com a história de determinadas crianças e resolveram ajudá-las.”

A assessora Cátia Aparecida Mayewski diz que leu grande parte das cartas enviadas e se comoveu com muitas das histórias contadas. Para dar conta, ela levou correspondências para casa e pediu ajuda aos familiares. “Muitas crianças pedem patinetes, bicicletas, bolas e bonecas, porém também há pedidos de emprego para os pais, namorado, casa e carros”, conta. “A carta considerada mais curiosa foi a de uma pessoa que dizia estar há três anos na fila de um transplante e pedia um coração novo.”

Papai Noel

Cátia também incentivou o pai, Luis César Mayewski, que há 27 anos trabalha nos Correios, a se vestir de Papai Noel e entregar os brinquedos às crianças. Ele, que já se fantasiava em festas realizadas pela família, declara estar adorando a experiência. “No ano que vem, pretendo ser Papai Noel novamente”, garante. “É uma emoção indescritível ver o sorriso de felicidade de crianças que geralmente não tem nem o que comer ao ganhar um brinquedo novo. Este vai ser um Natal inesquecível para mim.”

“Bom velhinho” faz surpresa

Cintia Végas

Na manhã de ontem, o Papai Noel dos Correios visitou a dona-de-casa Cecília Rota Machado, na Vila Nossa Senhora de Fátima, em Curitiba. Cecília escreveu uma cartinha em nome dos filhos pedindo brinquedos e foi atendida.

Os filhos Alberto, de 6 anos, Flávya, 9, e Vivyane, 2, não conseguiam esconder a alegria ao receber a visita do bom velhinho. As meninas ganharam bonecas e o garoto uma bicicleta. “Nunca tive uma boneca tão bonita. Eu tinha certeza que o Papai Noel viria aqui em casa este ano”, contou Flávya.

Cecília, cujo marido trabalha como pintor e tem renda mensal de cerca de R$ 250,00, ganhou uma cesta básica, caixas de leite e produtos natalinos. “Em alguns anos há muito pouco o que comer em minha casa. Este ano, graças à solidariedade do pessoal dos Correios, nosso Natal vai ser muito bom. Estou muito feliz”, disse.

Espírito natalino reúne vários povos

Elizangela Wroniski

O Natal é uma data especial para muitos povos. Embora cada um tenha seu jeitinho especial de comemorar, o sentimento de religiosidade é comum a todos. Durante os rituais , a família toda participa e o menino Jesus é o grande homenageado. Agradecimentos e pedidos de amor, paz e felicidade são entoados nesse dia.

Os poloneses começam a se preparar quatro domingos antes do natal quando inicia o chamado tempo do advento. Uma coroa feita de folhas verdes é feita e nela são colocadas quatro velas. A medida que os domingos vão se passando, vão se acendendo as velas. Nestes dias a família se reúne e são feitas orações de agradecimento e pedidos.

Na véspera de Natal a ceia só é servida depois que nasce a primeira estrela no céu. É uma referência a estrela que levou os três reis magos até Jesus. A mesa recebe uma atenção especial, é arrumada com toalha branca e embaixo dela coloca-se trigo, antigamente era palha. O cereal simboliza a manjedoura onde Jesus foi colocado depois que nasceu.

Na ocasião são servidos 12 pratos lembrando os apóstolos. A carne vermelha não entra no cardápio. Henriqueta Domakoski ainda segue a tradição e faz os pratos típicos que aprendeu com a avó vinda da Polônia quando tinha 13 anos. Entre eles, a sopa de beterraba (barszcz), a sopa de ervilha ou grão de bico, o pirogue (pastel cozido) e um charuto de batata crua com sementes parecidas com as de trigo. Mas na casa dela a ceia ganhou algumas adaptações e alguns ingredientes foram substituídos para agradar o paladar ds mais jovens.

Ainda no dia 24, antes da ceia, a pessoa mais velha da casa distribui uma hóstia retangular que não é consagrada. Cada chefe de família ganha um pedaço e distribui entre a mulher e os filhos. O gesto simboliza o Corpo de Cristo e a confraternização.

Após o jantar eles vão até a árvore de Natal com os presentes, fazem uma fila única, do menor para o maior, e entregam os presentes. Depois voltam para saborear as sobremesas. Geralmente na casa de Henriqueta são servidos dois tipos, uma típica e outra que agrade a todos os paladares. Neste dia geralmente é servido o Piernick, um tipo de cuque de mel, com frutas cristalizadas e nozes.

Natal Ucraniano

No Natal ucraniano, a ceia inclui 12 pratos e só é servida após o surgimento da primeira estrela no céu. Mas na casa de Rosangela A. S. Komarcheuski a tradição foi adaptada aos costumes brasileiros e eles ceiam após a Missa do Galo.

No dia do nascimento de Jesus as famílias ucranianas são brindadas com canções. As crianças da catequese vão de casa em casa alegrando os vizinhos com as músicas natalinas. Tradição que se repete no bairro Vila Guaíra todos os anos. Para dar conta de tanta gente a visita se prolonga até o dia 28.

Na mesa onde é realizada a ceia de Natal, em cada canto, por baixo da toalha, são colocados cabeças de alho para afastar os maus fluídos. Além disso, um prato a mais é disposto para servir alguém que chegue de repente.

Entre os pratos típicos estão a salada de peixes, o Kutiá que é parecido com um a canjica cozida, o Bórchtch, que é uma espécie de sopa de beterraba e ainda o Paréneki ou Peroghê que é uma espécie de pastel cozido, e a tradicional cerveja caseira.

Natal alemão

No Natal alemão, a coroa de velas também está presente. “A cada vela acesa significa que há mais luz para iluminar os povos, é a presença do menino Jesus”, explica Maria do Carmo Strobel. Na sua casa é comum os filhos se reunirem no tempo do advento, perto das 18h, para rezar e acender as velas. Eles lêem a Bíblia e depois alguém faz uma oração. Na reunião são servidos bolachas de mel e o stólen, um pão de natal recheados com frutas secas, nozes e passas. O pão também é saboreado durante os cafés da manhã de dezembro.

Em casa onde há crianças pequenas alguém joga balas, bombons e nozes através das janelas. Os pais dizem que é Papai Noel que passou por ali para observá-las.

A decoração da casa alemã vai sendo composta aos poucos. “É também um bom exercício de observação para as crianças que ficam procurando enfeites novos”, diz Maria do Carmo. Um enfeite tradicional é o Calendário do Advento, que é um quadro com motivos natalinos e numerados de 1 até 24. Todos os dias as crianças procuram doces e mensagens nele. No último há a figura de Papai Noel.

A árvore de Natal só fica pronta na véspera de Natal e os pequenos só podem vê-la à noite, quando é iluminada. Nesta hora todos entram juntos na sala e uma oração é entoada. A seguir acontece a troca de presentes. Antigamente serviam-se frutas secas e bolachas de mel.

Para os alemães o almoço de domingo é um dos momentos mais importantes, e no cardápio de preferência há pato ou ganso recheado, acompanhado de repolho roxo ou chucrute e salada de batata. Outro prato tradicional é o Arenque, uma espécie de peixe. Os alemães celebraram ainda no dia seis de dezembro a festa de São Nicolau, quando as crianças espalham suas meias pela casa para que São Nicolau encha-as de doces.

Natal Holândes

No Natal holandês, São Nicolau é uma figura de grande destaque. As crianças também penduram suas meias para ganhar doces. Nos dias 24 e 25 é que o espírito de religiosidade fica mais intenso e não há troca de presentes. No entanto, no Brasil, o costume foi incorporado.

O Natal de mais outros sete povos, como Austríaco, Espanhol, Francês, Húngaro, Italiano, Português e Suíço pode ser apreciado no livro “O Natal de Todas as Gentes no Paraná”, lançado em novembro deste ano e escrito pela professora Maria do Carmo Brunnatto Strobel. Ele conta como é a passagem do maior evento cristão entre 11 etnias que ajudaram a construir o Estado. “O livro nasceu da curiosidade de entender a origem das minhas tradições e a de outros povos” conta Maria do Carmo. O livro está sendo vendido em diversas livrarias e custa R$ 25,00.

Missa do Galo começa mais cedo

Cintia Végas

Como acontece sempre em vésperas de Natal, Ano Novo e Páscoa, milhões de brasileiros irão participar hoje da tradicional Missa do Galo. Porém, ao contrário do que ocorria até alguns anos atrás, muitas paróquias deixaram de realizar a solenidade à meia-noite. Na maioria das vezes, ela é antecipada, sendo realizada entre 19 e 21 h.

O Frei Ovídio Zanini, da Paróquia Nossa Senhora das Mercês (dos Capuchinhos), em Curitiba, acredita que a mudança de horário rompeu com um costume antigo da Igreja Católica, mas veio ao encontro das necessidades da população. “Atualmente, à meia-noite do dia 24 de dezembro muitas pessoas preferem estar reunidas com seus familiares para a ceia. Com o horário adiantado, os fiéis podem assistir à celebração religiosa e depois, tranqüilamente, irem para a ceia”.

Outro motivo da troca de horário é a segurança do público. Muitas pessoas, em qualquer época do ano, preferem não andar pelas ruas depois da meia-noite. Temem ser assaltadas. “A mudança visa as favorecer ao povo”, comenta o frei.

Também devido à antecipação, a tendência é de que, no futuro, a celebração passe a ser chamada de outra forma. “Embora as pessoas continuem chamando a celebração realizada na noite do dia 24 de missa do galo, o mais certo, se ela é realizada antes da meia-noite, é chamá-la de vespertina”.

Segundo frei Ovídio, a missa recebeu o nome de Missa do Galo porque o galo é o animal que levanta cedo para acordar os seres humanos. “Ele anuncia um novo amanhecer, um novo dia ou um novo sol que está chegando ao mundo. Esta nova luz pode ser associada a Jesus, cujo nascimento é anunciado pela Missa do Galo”.

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