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A ex-diarista Maria da Luz Lopes Ferreira achou que aos 65 anos de idade não teria mais nenhuma chance de voltar ao mercado de trabalho. Mas um projeto de uma cooperativa de mulheres mudou essa realidade. Hoje ela trabalha durante todo o dia e ainda consegue ter uma renda mensal. Maria da Luz integra, junto com outras 19 mulheres, a Cooperativa das Costureiras da Vila Verde, localizada na Cidade Industrial de Curitiba.

O projeto começou em 2002 por iniciativa de um médico que trabalhava no posto de saúde do bairro. "Ele observava que muitas mulheres tinham problemas de depressão por não trabalharem fora, principalmente aquelas que passaram dos 35 anos", comenta a presidente da cooperativa, Julieta Maria Cerri. Ela acrescenta que um voluntário ajudou a organizar a entidade e repassou noções de cooperativismo. "Ele ensinou como se organizar", destaca.

Depois vieram as doações. A empresa Bosch repassou cinco máquinas de costura e o mobiliário do ateliê, e funcionários se envolveram na formação das mulheres. Quem não sabia costurar foi à luta e, em parceria com a Fundação de Ação Social (FAS), trouxe para a vila cursos básicos de corte e costura. Hoje elas fecharam um contrato com a Bosch para a produção mensal de jalecos e confeccionam sacolas de TNT para a loja de calçados Radda. Outro contrato que está sendo fechado é com a Trombini, para a produção de calças.

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Após pagarem as despesas de aluguel e manutenção da cooperativa, as mulheres dividem o dinheiro pelas horas trabalhadas. Dependendo do mês, conseguem uma renda de até R$ 250. Mas esse valor, diz Julieta, é muito baixo, e elas têm uma meta de conseguir ganhar, até julho deste ano, R$ 450 por mês. E isso as mulheres pretendem conseguir com a ampliação da parcerias e um novo desafio: vão produzir peças exclusivas com tecidos reaproveitados.

Por isso, elas estão fazendo uma campanha para arrecadar tecidos, principalmente de vestidos de noivas ou outros tecidos finos. A presidente conta que as peças serão vendidas em uma loja existente na Bosch e em um espaço que será aberto no Shopping Estação, e será um local para mostrar o trabalho de entidades sociais. "Nós queremos levar outras roupas, e não os uniformes que nós fabricamos hoje", fala Julieta.

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Cursos de costura e informática

A grande vantagem da cooperativa, diz Cleuza Alves Fernandes – que trabalhava em uma fábrica de película de carros e foi substituída por um funcionário mais novo – é que não existe patrão e todas são donas do negócios. "Isso nos dá uma liberdade muito grande, pois se preciso sair para ir ao médico, sei que ninguém vai me mandar embora", compara. Para ela, "o dinheiro no final do mês ajuda, mas o mais importante é estar se sentindo útil".

O mesmo sentimento tem Vanderlea Maria de Paula Martinez, que ficou sabendo da cooperativa e resolveu se integrar. "Eu ficava em casa cuidando dos filhos. Mas resolvi fazer um curso de corte e costura e hoje estou aqui", diz, comparando as tardes que passa no trabalho a uma terapia. Maria da Luz Ferreira também considera que a cooperativa foi muito importante na sua vida. "Vivia com problemas de saúde, e trabalhar na cooperativa me deu um novo ânimo", diz.

Além de aprender a costurar, Cleudete Fátima Colaço está aprendendo informática. Isso foi uma necessidade, conta ela. "A gente precisa saber para fazer os orçamentos, preços e pesquisas para fechar os contratos." Cleudete confessa que teve muito mais dificuldades com as engrenagens e pedais da máquina de costura do que com o computador. (RO)

Serviço: Quem quiser fazer doações de tecidos para a Cooperativa das Costureiras da Vila Verde pode entrar em contato pelo telefone (41) 268-6130.