Foto: Chuniti Kawamura/O Estado

 Cláudio Roberto da Luz Moraes se veste todos os anos de Papai Noel, empolgando tanto pessoas idosas quanto crianças.

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Todos os anos, o empresário Cláudio Roberto da Luz Moraes pede a colaboração de comerciantes e vizinhos do bairro para poder presentear crianças e idosos que ele nem conhece. Vestido com a tradicional roupa de Papai Noel, Cláudio cumpre uma rotina de visitas à instituições e comunidades pobres. Há mais de dez anos, ele segue essa rotina, porque acha que é uma forma de agradecer por tudo que já recebeu até hoje. Assim como Cláudio, uma legião de anônimos ajudam pessoas carentes a ter um final de ano mais feliz.

Quanto tinha 13 anos de idade, a voluntária Conceição Barindelli precisou ficar internada num hospital. ?Quando meu pai saiu do quarto e eu fiquei sozinha me senti muito fragilizada, pois estava num ambiente estranho com pessoas que nunca tinha visto?, contou. Essa sensação Conceição nunca esqueceu, e diz que talvez tenha sido por isso que resolveu trabalhar com as crianças do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ela e um grupo de pessoas dedicam parte do seu tempo no entretenimento dos pequenos pacientes, porque acreditam que isso ajuda na recuperação.

Uma das companheiras de Conceição nesse trabalho é Maria Inês Borges da Silveira. Nessa semana, as duas estavam à frente da programação mais aguardada do ano, que é festa de Natal. De acordo com Maria Inês, todos os presentes, assim como corais e músicos que participaram da programação, vieram através de parcerias que apoiam o trabalho. ?Ao longo do ano estamos aqui no hospital para trazer um pouco de alegria para essas crianças. Mas nessa época de Natal nós intensificamos as atividades porque entendemos que as pessoas ficam mais frágeis?, comentou.

Assim como o trabalho no HC é contínuo, também é rotina do Instituto Mr. Pin atender pessoas necessitadas com distribuição de comida. A principal ação é o sopão concentrado, que é entregue em praças e comunidades carentes para uma população quase todos dias. A empresária e voluntária do instituto, Gisele Sandra da Silva, diz que ?não dá para almoçar tranqüila quando lembro que existem pessoas passando fome?. Na quinta-feira, ao invés da sopa, a instituição promoveu uma ceia de Natal. Gisele comenta que o instituto não pensa apenas nesse atendimento emergencial, mas no desenvolvimento das pessoas. Por isso, está buscando parcerias para implantar cozinhas industriais em regiões carentes da cidade. Também faz parte dos planos do instituto a organização de cooperativas de catadores, e buscar parcerias com universidades para o atendimento dessa população, ?pois eles não têm fome apenas de comida, mas de auto-estima, carinho e amor?. 

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Solidariedade invade o litoral do Estado

Nesse final de semana, pelo quinto ano consecutivo, um grupo de amigos que mora em Guaratuba, no litoral do Estado, vai visitar as comunidades pobres do município, e convidá-las para participar de uma grande festa de final de ano. Giovanni Carvalho Giovannetti conta que a idéia surgiu durante uma conversa, quando eles perceberam que existiam muitas crianças carentes na cidade. ?Então pensamos que poderíamos fazer algo para essas crianças, como forma de retribuir tudo de bom que nos aconteceu até hoje?, falou.

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Nas diversas vezes que vestiu a roupa de Papai Noel, o empresário Cláudio Roberto da Luz Moraes conta que sentiu uma emoção diferente. ?Não dá para explicar com palavras o que sinto. Só sei que a cada abraço, sorriso ou simples obrigado, minhas forças se renovam, e sei que estou muito mais recebendo do que doando?, falou. Cláudio – que faz questão de dizer que não é um Papai Noel tradicional, que somente repete o tradicional ?Hohoho! Feliz Natal para todos!? – lembra com emoção das histórias que protagonizou.

Numa delas, uma menina de 12 anos lhe escreveu pedindo uma bicicleta, pois ela queria ir para a escola e voltar mais rápido para ajudar a mãe doente a cuidar dos irmãos menores. ?Quando a menina me viu com a bicicleta, desmaiou nos meus braços?, falou. Também não esqueceu da emoção de um garoto de 11 anos que pediu telhas para cobrir a casa dos pais, pois quando chovia sua cama ficava encharcada. Com a colaboração de amigos, conseguiram reformar o casebre do menino.

Validade

Para o psicólogo Dionísio Banaszewski, esse tipo de filantropia de Natal traz sensações positivas para os dois lados, e é uma relação de complementaridade. ?Quem doa pratica uma forma de agradecimento, e quem recebe pode ter uma alegria e uma esperança de que aquela situação que vive no momento pode ser diferente?, afirmou. Dionísio diz que essa relação de troca pode estar ligada à questão cultural, cristã, mas que é preciso ter cuidado com o consumismo que é difundido nessa época. ?As festas perderam um pouco da essencialidade devido ao consumo. Mas a confraternização é válida e faz bem?, finalizou.