Consulta ao oftalmologista não tem idade

Especialistas recomendam que os pais levem os filhos de até quatro anos para a primeira consulta no oftalmologista, mesmo que eles não apresentem alterações na visão e no comportamento. Com essa atitude, algumas doenças podem ser prevenidas. Essa orientação foi passada ontem, na Boca Maldita, centro de Curitiba, pela Associação Paranaense dos Oftalmologistas (APO) durante o programa Pequenos Olhares, uma iniciativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

De acordo com a presidente da APO, Tânia Schaefer, algumas doenças no olho podem passar despercebidas e causar muito transtorno durante a infância e na vida adulta. “Os exames precoces são essenciais porque podem evitar a morte de uma criança que tem um tumor no olho”, exemplifica. Os casos mais comuns na infância são os erros de refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo) e a angliopia, uma deficiência visual de um dos olhos que caracteriza alteração de grau. “Nesses casos, o atendimento precoce detecta o problema e determina a estimulação do paciente com exercícios que farão o olho se recuperar. Se não forem detectados cedo, os problemas não poderão ser corrigidos mais tarde”, comenta Tânia.

Segundo a APO, no Brasil há aproximadamente 27 milhões de pessoas com miopia. Desses, 10% possuem a miopia degenerativa, que só aparece na fase adulta. A mesma proporção está ligada às crianças, o que é considerado um dado alarmante pelos especialistas. Por isso, os pais devem ficar atentos ao comportamento dos filhos. Desatenção e até mesmo a timidez podem ser indícios de problemas de visão. “Quando o pediatra ou os pais tiverem qualquer suspeita, podem levar o filho ao oftalmologista em qualquer idade. Se não houver anomalias, a consulta deve ser feita uma vez ao ano”, explica Itamar Fernandes, diretor da APO.

O programa Pequenos Olhares começou em maio com uma triagem das crianças entre 6 e 7 anos matriculadas nas escolas municipais de Curitiba. De acordo com Tânia, 10% delas apresentaram problemas, seguindo estimativas mundiais do assunto. Os alunos com essa deficiência passaram a receber atendimento em consultórios. Ontem, na Boca Maldita e nas praças Tiradentes e Rui Barbosa, os pais puderam assistir palestras de orientação e prevenção dessas doenças.

As crianças passaram por exames de acuidade visual (medição da visão), percepção de cores (para verificar daltonismo) e fusão (para detectar estrabismo). As que apresentaram deficiências foram encaminhadas às unidades de saúde do Cajuru e Ouvidor Pardinho. Esse foi o caso de Juan Gregori Matoso, de 6 anos. “Achei muito importante fazer o exame porque tenho casos de miopia e glaucoma na família. Fico muito preocupada”, afirma Daniele Matoso, mãe de Juan. Ele apresentou certa dificuldade durante os exames e foi encaminhado para uma melhor avaliação. O programa continua hoje nos mesmos locais e também no Parque Barigüi, entre 9h e 17h.

Regulamentação para óticas

Durante a cerimônia oficial de abertura do programa, o secretário municipal de Saúde, Michele Caputo Neto, assinou uma resolução que regulamenta a criação e o funcionamento de estabelecimentos comerciais que vendem artigos óticos. As lojas já existentes têm 90 dias para se adequar às novas normas técnicas. “Essa foi uma reivindicação antiga de óticos e oftalmologistas. A resolução, pioneira no Brasil, pretende garantir a saúde ocular da população”, conta o secretário. Ele explica que há muitas denúncias dos profissionais da área em relação a produtos contrabandeados e falsificados que circulam no mercado. Eles são vendidos, por exemplo, em camelôs. “Outro problema é a loja que começa com um ramo de atividade e depois incorpora a ótica. Com essa resolução, a fiscalização terá outro olhar para isso e será rígida”, comenta Caputo Neto.

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