Alegando que muitos caminhoneiros estavam usando a estrada que corta a Vila do Pinheiro Seco, em São José dos Pinhais, para desviar da pesagem obrigatória do posto da Polícia Rodoviária Federal e do pedágio da BR-277, além de danificar a própria estrada e as casas à sua margem, a 1.ª Vara Cível de São José dos Pinhais homologou a construção de dois portais para limitar a passagem de caminhões por um trecho da estrada.
Os portais, que já foram erguidos, surgiram a partir de uma reivindicação da Ecovia, concessionária que administra a BR-277, à Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais e à associação de moradores de uma comunidade próxima à região. Com largura de menos de três metros e cerca de quatro metros de altura, o portal impede a passagem de caminhões por um trecho de pouco mais de 12 quilômetros da estrada, exatamente o trecho usado para desviar o pedágio.
"É por dinheiro, só pode. Se eles quisessem mesmo preservar a estrada ou evitar que o pessoal desvie da polícia e da pesagem teriam colocado as barreiras na entrada da vila", esbravejou Itacir dos Santos, morador da vila. Os moradores da vila estavam bastante revoltados. Fizeram protestos durante todo o dia e, inclusive, ameaçaram derrubar o portal.
Dois funcionários da Prefeitura de São José dos Pinhais foram enviados ao local para esclarecer o que estava ocorrendo. Um dos representantes do município, Sandro Setim, reuniu os moradores para explicar a medida. Ele revelou a intenção da Prefeitura e da Ecovia em restringir o acesso à estrada apenas para os moradores da região.
Apesar de todas as explicações dos funcionários da Prefeitura, que sugeriram a criação de uma comissão de moradores para discutir as medidas a serem tomadas, os habitantes da Vila do Pinheiro Seco mostraram-se insatisfeitos e continuam ameaçando derrubar o portal. "É um absurdo. Dizem que ouviram os moradores, mas na verdade ouviram o pessoal de outra comunidade, que não tem nada a ver com essa estrada", criticou o agricultor José Maciel. "Como vou fazer para entrar na minha chácara com um caminhão de areia, por exemplo? E a coleta de lixo, como fica? E o ônibus escolar"?, questionou.
A reportagem de O Estado percorreu a estrada e constatou que, no local onde foram instalados, os portais não impedem o desvio nem do posto policial nem da pesagem obrigatória. O trecho em que o trânsito está limitado impede, apenas, que o motorista evite o pedágio.
Outro funcionário da Prefeitura que estava no local, Paulo Roberto Neneve, revelou que o documento que homologou a construção das barreiras não determina os locais onde elas deveriam estar, o que ficou a critério da Prefeitura.