Construção de Ferrovia entre PR e MS não sai do papel

Possibilitar acesso da produção do Mato Grosso do Sul ao porto de Paranaguá e dar sustentação ao escoamento da safra do Paraná são argumentos para a defesa da construção de um trecho ferroviário que ligaria Cascavel (PR) a Maracaju (MS), com 440 quilômetros de extensão.

Mas está difícil de o projeto sair do papel. Junto com outros 162 projetos, a construção da ferrovia foi vetada pela Casa Civil no início do mês.

Para tentar reverter a situação, no último dia 12 foi realizada uma reunião em Santa Catarina com a participação de senadores e deputados federais do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Durante o encontro, foram decididas ações para unificação das bancadas em defesa do projeto.

O veto foi definido como uma ?barbeiragem? dos operadores da Casa Civil pelo presidente da Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. (Ferroeste), Samuel Gomes. O veto não foi dirigido à Ferroeste, mas fez parte de um pacote amplo de obras.

?O governo tem dito que o problema desses vetos se resolveriam com a entrada no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas isso não substitui a necessidade de passagem do projeto no Plano Plurianual (PPA), onde foi vetado?, acredita.

Arquivo
Paulo Sidnei: ?Um balde
de água fria na expansão?.

Para o engenheiro Paulo Sidnei, que chegou a participar das discussões para construção da obra, a ferrovia seria o melhor caminho para escoamento de cargas do Mato Grosso do Sul. ?O veto joga um balde de água fria no sonho de expansão da ferrovia e mostra que a Casa Civil não entende de infra-estrutura, que é o que o Brasil está precisando?, criticou.

Entre as vantagens da construção da ferrovia, Sidnei destaca a redução no custo de transporte e a regularidade maior com que poderia operar, quando comparada ao transporte feito por caminhões. ?Nossos produtos internos podem ser mandados com um custo menor, o que torna o produto mais competitivo?, analisou.

Como benefício indireto, estaria a diminuição de caminhões nas estradas. ?As cargas transportadas por caminhões são muito superiores aos limites projetados para esses veículos, podendo ultrapassar 60 toneladas. São verdadeiros comboios rodoviários esmagando asfalto e destruindo pontes?, afirmou o engenheiro.

Uma outra idéia que chegou a ser estudada foi o aproveitamento do trecho para um trem turístico que ligaria Guaíra (PR) a Campo Grande (MS), visando as regiões de Foz do Iguaçu e do Pantanal.

Construção de alcoolduto seria explicação para veto

A recente aprovação da obra do alcoolduto que iria do Paraná ao Mato Grosso do Sul, com passagem por Londrina e Maringá, é a hipótese levantada pelo ex-diretor de produção da Ferroeste e projetor logístico do Corredor Oeste, Saulo de Tarso, para o veto da construção da ferrovia.

?É uma rota que só transporta álcool. A ferrovia deve custar cerca de R$ 1,4 bilhão, praticamente o mesmo preço calculado para o alcoolduto. A opção escolhida é uma barbaridade, apoiada pelo governo estadual. A ministra (Dilma Rousseff) vetou a ferrovia por causa disso. Pensando-se em termos estruturais, a solução é uma loucura. Muitas pessoas estão criticando a situação sem antes analisá-la. Querem que uma proposta seja aprovada sem perceber que outra obra pode ser melhor para os estados?, acredita Tarso.

A defesa pela construção da ferrovia é bem mais explícita no estado de Mato Grosso do Sul do que no Paraná. Lá, a obra foi anunciada como um dos projetos prioritários pelo governador André Puccinelli. Ao contrário do alcoolduto, defensores da ferrovia argumentam que a variedade de produtos transportados com a obra seria outro ponto que deveria ser levado em consideração.

?Se for feita a linha do município de Maracaju até Paranaguá, no litoral paranaense, dá para transportar 5,1 bilhões de litros de álcool que vão ser produzidos a partir de 2012. A idéia era descer com álcool e voltar com derivados de petróleo, alimentando o Oeste do Paraná e o Paraguai?, explicou Tarso. (LC)

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