Apesar de mais um protesto pacífico dos moradores da Chácara São Miguel, em Londrina, equipes da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) finalmente entraram ontem no local para começar a construção de uma estação de tratamento de esgoto (ETE), a Estação Esperança.
Até então, a entrada da Sanepar no terreno estava sendo impedida pelos moradores, contrários à obra, com a alegação de poluição ambiental e pela ETE estar localizada muito próxima de residências, o que poderia ocasionar mau cheiro. O impasse chegou a render um bate-boca entre os proprietários de terrenos na região com governador Roberto Requião, no fim de janeiro.
O ingresso da equipe de obras só foi possível após a obtenção pela Sanepar de uma autorização judicial para uso de força policial, se necessário, para garantir o início do empreendimento.
Ontem, o major da Polícia Militar de Londrina, Júlio Richter, foi até o local e conversou com os moradores. Não houve tumulto e a empreiteira Gel, contratada para fazer as obras, entrou na chácara.
Agora, o primeiro passo é a construção de uma via de acesso da entrada da chácara (ponto no qual os moradores impediam a entrada das equipes) até a área destinada à estação de tratamento, uma distância de 600 metros.
Depois de todos os esforços para impedir a ETE naquele local, uma das moradoras da Chácara São Miguel, Vera Victorino, lamentou o rumo que o caso tomou.
“Estamos todos de luto. Não teve mais como impedirmos a obra, nosso movimento é passivo e com a decisão judicial não havia outro jeito. Foi muito dolorido”, definiu.
No entanto, Vera garante que a luta não terminou. “Não vamos parar. Vamos estudar quais as medidas que podemos tomar e traçar metas daqui para a frente”, afirma.
Segundo o gerente da Sanepar em Londrina, Sérgio Bahls, a ETE é necessária para o bem-estar das 120 mil pessoas que hoje são precariamente atendidas. Cerca de 5 mil famílias já estão com fossas transbordando.