Conselho Federal de Medicina condena auto-hemoterapia

O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, em novembro, o Parecer 12/07, que comprova a não-eficácia da auto-hemoterapia. O procedimento consiste na retirada de uma pequena quantidade de sangue de uma veia (em geral do braço) e a colocação, na mesma pessoa, em um músculo de outra parte do corpo, como pernas, nádegas, entre outros. O tratamento é amplamente divulgado e defendido na internet, tanto por médicos quanto por outros profissionais de saúde, embora seja proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pela Resolução 1499/98 do CFM e também pela Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH).  

Também na internet, pacientes fazem relatos do procedimento, alguns até dizem que determinadas doenças melhoraram depois da auto-aplicação de seu próprio sangue. Há até abaixo-assinado em favor da ?técnica?. Em geral, o uso ilegal da auto-hemoterapia é indicado para enfermidades como rinite alérgica e até câncer e aids. Mas é preciso ficar alerta. ?Nunca se comprovou nada cientificamente. Alguns médicos fizeram estudos sobre o assunto, mas são todas pesquisas circunstanciais?, alerta o conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Wilmar Guimarães.

O médico explicou que a auto-hemoterapia pode, inclusive, trazer riscos ao paciente, como a contaminação do sangue e efeitos colaterais. ?São vários os riscos. Se você imaginar que tira-se sangue de uma veia e o injeta em outra parte do corpo, já temos aí uma modificação das condições na coagulação do sangue. E o que é mais grave é a possibilidade da agulha atingir um vaso e o sangue ir para o pulmão, causar uma embolia, por exemplo?, exemplifica o médico.

Dessa forma, a Anvisa orienta que casos de aplicação da auto-hemoterapia devem ser denunciados à Vigilância Sanitária de cada cidade. O órgão publicou no mês de abril uma nota técnica alertando para a prática. O parecer do CFM foi solicitado pela Anvisa devido  à popularização da terapia. O CFM tomou como base diversos estudos, artigos e revistas científicas publicados desde 1930, quando se tem notícias dos primeiros relatos da terapia. Guimarães explicou algumas justificativas dos defensores do procedimento. Ele disse que estas pessoas afirmam que a aplicação do sangue no músculo aumentaria a produção de colônias de macrófagos, que melhorariam a capacidade antioxidante do organismo. 

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