O trabalho com madeira faz parte da vida de Seu Mikuska há mais de 40 anos. Começou pouco tempo depois de ele chegar de Irati, aos 11 anos, com os pais e nove irmãos. “Comecei com um serrotinho, no porão da casa da minha mãe, lá no Bairro Alto. Fazia uma peças pequenas, uns banquinhos, mais como brincadeira. E daí fui pegando o gosto”, conta o artista.
Em 1976, ele lançou seu próprio negócio, que decolou alguns anos mais tarde, quando Mikuska aproveitou o fechamento da fábrica de móveis Paranarte e deu uma nova cara à produção.
“Fiquei sabendo que eles tinham lâminas coloridas importadas da Itália, gavetas e painéis de marchetaria. Comprei o que sobrou e encaixou perfeitamente nos nossos móveis. Era o que faltava”, afirma.
Felipe Rosa |
---|
A partir daí, a marchetaria -“arte de incrustar, embutir ou aplicar peças recortadas de madeira em obra de marcenaria, formando desenhos”, segundo o dicionário Aurélio – virou especialidade. “É um trabalho artesanal, feito em equipe. Trabalhamos em oito na fábrica”. Um deles é Antônio Mikuska, de 25 anos, filho de Pedro. “Esse sim é um artista, bom de martelo. Faz uns móveis poderosos”, elogia o pai.
As peças – ou “caixotes”, como diz o artista – são móveis de estilo renascentista, barroco, rococó, neoclássico… Obras feitas com tanta atenção aos detalhes que chamaram a atenção dos produtores da Rede Globo, que usaram onze peças produzidas na fábrica de seu Mikuska na novela “Salve Jorge”, no quarto dos personagens Berna (Zezé Polessa) e Mustafá (Antônio Calloni). “Foi muito emocionante ver nossos caixotes na Globo. Ficou excelente”, comemora o marceneiro.
Atenção, sertanejos!
Felipe Rosa |
---|
Mas o talento artístico de seu Mikuska não se revela apenas na marchetaria. Desde 1982, ele também se arrisca como músico e já compôs 18 canções. “É só para o gasto, nada oficial. Mas estão prontas para gravar. Eu registrei algumas, mas nunca gravei. Toco viola muito mal. Se tiver alguma dupla sertaneja interessada…”
Os temas vão do amor ao humor, passando por religião, política e ecologia, como mostram os títulos das canções: “Tatuagem”, “Entre o Céu e a Terra”, “Mulher Cadilac”, “Festa em Brasília” e “Divisa de Queimada” Esta última teve a letra registrada em um quadro do artista plástico Osmar Carboni, que seu Mikuska tinha acabado de receber e aprovar quando recebeu os Caçadores de Notícias, na última quinta-feira: “ficou poderoso!”.
Quem quiser conhecer as obras pode passar na loja da Mikuska Móveis Clássicos. Fica na Avenida Manoel Ribas, 2.400, no bairro Cascatinha, em Curitiba.