Troca de acusações e muita confusão marcaram o segundo dia da greve dos servidores municipais de Maringá. O que deveria ser um instrumento legítimo de reivindicação se transformou em um festival de mordidas, pontapés, atropelamento com motocicletas e muita ofensa verbal. Tanta baderna chamou a atenção e fez com que a Polícia Militar ficasse de prontidão para intervir.
A categoria pede um reajuste salarial de 16,67%, compatível com a perda salarial; pagamento da progressão salarial e implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Salário. No entanto, a proposta final da administração é a garantia de reposição salarial de 4,53%, compatível com a inflação; pagamento de 40% do 13.º salário, em junho; e aumento dos salários dos servidores a R$ 450. Até o momento não houve avanço nas negociações.
Segundo a Prefeitura, os funcionários que decidiram entrar no Paço Municipal para trabalhar foram impedidos drasticamente pelos manifestantes dispersos nos piquetes montados em frente as quatro portas do prédio. Segundo a assessoria de imprensa do município, os trabalhadores eram agredidos verbalmente e fisicamente. Entre os funcionários agredidos estaria Paulo Cézar Leite, da Secretaria da Fazenda, que teria sido chutado pelos manifestantes ao retornar do almoço. Outra agressão foi uma mordida que partiu de um estudante da Universidade Estadual de Maringá, de 22 anos, que sequer é servidor público. Ele teria mordido uma funcionária da Biblioteca Pública Municipal, que tentava entrar no Paço de motocicleta. O estudante foi detido pela polícia.
Ainda segundo a Prefeitura, os ônibus foram impedidos de transportar os alunos da rede municipal e, na creche do bairro Gerardo Braga, na região do Maringá Velho, alguns pais teriam sido agredidos ao tentarem deixar os filhos. Entre as acusações da Prefeitura contra a manifestação, estão a utilização de crianças nos piquetes, o impedimento da entrada de contribuintes e danos materiais como utilização de cola em cadeados e correntes e cortes em cabos de caixa eletrônico e telefones. Lembrando que os piquetes já foram proibidos por ordem da juíza da 3.ª Vara Cível, Carmen Lúcia Ramajo, sob pena diária de R$ 20 mil, a Prefeitura classificou o episódio como lamentável.
Por outro lado, o Sindicato dos Servidores Municipais de Maringá (Sismmar) afirma que os grandes prejudicados estão sendo os grevistas, que sofrem ?uma perseguição ferrenha por parte do prefeito Silvio Barros?. Sobre a funcionária que levou a mordida do manifestante, eles afirmam que ela teria atropelado duas pessoas ao tentar furar o piquete. Eles ainda acusam que chefes de setores, secretários e diretores estariam ameaçando os servidores. ?Quem está tumultuando é a administração, que não respeita o direito do trabalhador de fazer greve. Eles estão colocando os secretários para intimidar os manifestantes e instalaram caixa de som com o mesmo objetivo. No primeiro dia e ontem, houve muita agressão física contra os servidores?, afirma a presidente do Sismmar, Ana Pagamunici.
Ainda segundo ela, o movimento dos servidores é pacífico e as acusações da Prefeitura não procedem. ?A greve continua, mesmo tumultuada. Esse tumulto não é de hoje. Estamos lutando contra a perseguição e turbulência que se instalou com a atual administração?, acusa.