O Fórum do Trabalho de Paranaguá reabriu suas portas na manhã de ontem. O local esteve fechado para perícia da Polícia Federal, na tarde da última quarta-feira, após o quebra-quebra ocorrido na noite do dia anterior, quando trabalhadores portuários realizaram uma manifestação contra a implantação do sistema de escalação eletrônica no Porto de Paranaguá. Enquanto isso, no porto, apesar de a administração anunciar que boa parte das categorias envolvidas no impasse já haviam voltado ao trabalho, os estivadores garantiam que a quinta-feira foi mais um dia sem expediente para todas as representações sindicais.
Ontem, durante quase toda manhã, duas viaturas da Polícia Federal e outras duas da Polícia Militar se mantiveram de prontidão em frente ao fórum. "Estamos trabalhando normalmente, mas precisamos que nossa segurança seja garantida e por isso solicitamos reforço policial", declarou o juiz da 2.ª Vara de Paranaguá, Carlos Kaminski. Muitas audiências foram canceladas devido ao não comparecimento das partes envolvidas, que não tinham certeza se o fórum estaria ou não funcionando.
Na sede do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo), responsável pelo registro de escala dos trabalhadores portuários, novamente não houve expediente. Por volta das 10h, o presidente do sindicato dos estivadores, Arivaldo Barbosa José, procurou o superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião, para solicitar apoio. "O superintendente nos garantiu que vai fazer o possível para que as coisas voltem à normalidade", disse.
A reportagem de O Estado não conseguiu conversar com Eduardo, que logo após se encontrar com o presidente do sindicato dos estivadores viajou para Foz do Iguaçu. Por meio da assessoria de imprensa da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), no entanto, o superintendente afirmou que acredita na negociação para restabelecer a normalidade no porto. Disse também entender que a função dos sindicatos é defender as categorias que representam, mas que isso não implica em posições rígidas. A assessoria divulgou ainda que a Justiça do Trabalho ratificou a extensão do prazo para adaptação à chamada eletrônica dos trabalhadores dos sete sindicatos ligados ao Ogmo e que, desses, cinco já teriam acatado a decisão e seus trabalhadores, retornado ao trabalho.
No entanto, tanto o sindicato dos estivadores quanto a assessoria de imprensa da Justiça do Trabalho negaram a informação. Segundo Arivaldo, todas as categorias permaneceram paradas ontem. Já o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9.ª Região, em Curitiba, afirmou não ter ratificado nenhuma decisão e anunciou que na tarde de hoje realiza uma audiência de instrução e conciliação entre a juíza Rosalie Batista e os sindicatos dos estivadores, dos operadores portuários e dos carregadores. O objetivo é chegar a um consenso quanto à volta ao trabalho e o uso da chamada eletrônica no porto. De acordo com a Justiça do Trabalho, o sindicato dos operadores – uma das classes que mais sofrem os prejuízos da paralisação – tem intenção de voltar imediatamente ao trabalho e com uso da chamada eletrônica, ao contrário do que manifestam estivadores e carregadores.
Em assembléia na noite de ontem, o sindicato dos estivadores manifestou que aguarda resolver o impasse hoje, na audiência no TRT. Durante a manhã, não haverá turno novamente no porto.