Cansado de pagar tantos juros e taxas bancárias elevadas, o microempreendedor Ivo Marques de Araújo, 47 anos, proprietário da Refrigeração Santos, há pouco mais de três meses tomou uma decisão que impactou diretamente nas finanças de sua família e empresa. Cliente há anos de um banco tradicional, ele decidiu encerrar sua conta e passar suas movimentações bancárias e investimentos para uma cooperativa de crédito. Mudança que até agora, tem trazido satisfação ao novo cooperado.

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“Sou associado desde janeiro e pela pouca experiência que tive, tem valido a pena. Tenho taxas menores do que nos bancos, crédito para financiar um carro, cartão de crédito e máquina de cartão vinculada à minha conta, que uso para receber de meus clientes. O sistema da cooperativa é bem melhor. Com o valor que eu pagava para o banco, aquele ‘dragão de juros’, mantenho hoje duas contas, uma da empresa e outra pessoal. Eram quase R$ 60 por mês para manter a conta antiga, agora pago menos de R$ 20 por cada uma. E no fim do ano ainda devo receber uma parte dos resultados”, relatou.

Taxas atrativas

Optar por esta alternativa financeira, segundo o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR),Carlos Magno Bittencourt é seguro e vantajoso. “As cooperativas têm se mostrado boas opções. Elas oferecem taxas competitivas, melhor remuneração, diferentes modalidades de investimentos, menos IOF e produtos que se aproximam ao perfil de cada um. São instituições sólidas, fiscalizadas pelo Banco Central, em que você também é o dono do negócio”, disse.

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Segundo o economista, entre as desvantagens estão apenas o risco de ter que dividir os possíveis prejuízos da cooperativa e a pouca capilaridade, já que não há agências em todas as cidades. “Além das vantagens financeiras, as cooperativas de crédito que começaram como um braço do agronegócio, são uma tendência mundial e contribuem com a economia local, como acontece no Paraná, sendo um dos segmentos que ajudam o estado a crescer”, analisa. Juntas, as cooperativas equivalem ao sexto maior banco do Brasil.

Como funciona o sistema?

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Em tempos de crise financeira, inflação alta, desemprego, juros estratosféricos e crédito caro, muita gente tem buscado saídas para proteger seu dinheiro e economizar. É nesta hora que as cooperativas de crédito se destacam.

“As cooperativas são instituições completas, autorizadas pelo Banco Central e que não tem fins lucrativos. Trabalhamos só com associados, em um sistema em que toda a movimentação financeira é feita por meio da instituição da qual você faz parte. E no fim de cada exercício (ano) fazemos um balanço e distribuímos os resultados aos sócios, de acordo com a movimentação de cada um”, explica o gerente de desenvolvimento do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi), Adilson Sá.

Vantagens

Nas cooperativas, além da conta bancaria, é possível contratar seguros, previdência privada, fazer investimentos, aplicar na poupança e comprar moeda estrangeira. Para abrir uma conta, é só ir até uma agência de uma cooperativa e se associar. “As cooperativas trabalham de forma regionalizada. Para se associar, basta ir até uma agência de sua cidade. Na própria agência a pessoa terá informações e passará por uma análise, que vai verificar quais são suas necessidades. Assim, a conta é aberta com os produtos mais adequados pra ela. Desde o ano passado, qualquer pessoa pode se tonar sócia, não sendo necessário estar vinculada a ,uma entidade sindical ou classe profissional”, esclarece. Para se associar, é exigido que o interessado faça um depósito inicial, chamado de integralização das cotas ou capital mínimo, que não pode ser movimentado como conta-corrente.

“Desbancarização”

Optar por uma cooperativa de crédito ou outro sistema alternativo é uma tendência que segue em alta no país, a da desbancarização, ou seja, deixar de usar os serviços oferecidos pelos bancos, que mesmo com a crise, têm registrado crescimento nos lucros. De acordo com a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor Proteste, as tarifas bancárias subiram quase nove vezes mais que a inflação em três anos e estes custos, somados às altas taxas do cartão de crédito, favorecem o endividamento.

A Proteste comparou as tarifas cobradas pelos oito maiores bancos em 2013, 2014 e 2015 e constatou que houve um aumento no valor das cestas de até 169% em relação a janeiro de 2013, até 8,6 vezes superior ao valor da inflação para o mesmo período. Estes custos, somados ao uso incorreto do cartão de crédito, levam o brasileiro ao aperto financeiro e a fugir dos bancos tradicionais.

Já a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) usa uma pesquisa própria para defender que a bancarização vem crescendo a uma taxa de 4% ao ano, em média, e que somente nos últimos quatro anos, aumentou quase 10 pontos percentuais. Segundo a entidade, em 2010 51% dos CPFs possuíam contas correntes ativas. Em 2014 este número para passou para 60%.