A Conferência Regional das Cidades da Região Metropolitana de Curitiba discutiu ontem os problemas vividos pelos municípios em torno da capital do Estado e propostas para atingir metas de desenvolvimento adequado. Pautaram as discussões o crescimento populacional desenfreado e a centralização econômica de Curitiba como uma das causas para criação de bolsões de pobreza cada vez maiores na periferia.
Um dos pontos enfatizados durante a conferência foi a questão populacional e a estrutura das cidades da RMC para um contigente em constante expansão. ?Na década de 70, éramos 13% da população do Estado; hoje, já passamos de 30%. E, se o ritmo de crescimento populacional das cidades da Região Metropolitana de Curitiba continuar, nos próximos 20 anos teremos mais 1,4 milhão de habitantes?, analisa o secretário especial para Assuntos Metropolitanos, Edson Strapasson.
Os maiores desafios se enquadram nas condições de vida das pessoas que buscam melhores oportunidades – grande parte oriunda do interior do Estado. ?De cada quatro, três delas se instalam em municípios de baixa capacidade econômica, criando desigualdades sociais e níveis de desemprego altos, já que os governos não contam com meios financeiros de lidar com essas ocupações?, complementa, avaliando como uma das soluções a criação de condições adequadas no interior para que a população encontre bom poder aquisitivo em seu lugar de origem.
Piraquara é uma das cidades que percebem esse fato. Seu crescimento populacional anual é de 8,56%, número muito inferior ao de Curitiba, que paira na casa de 1,38%. ?São áreas que deveriam ser destinadas a preservação, já que abrigam mananciais de abastecimento para a população?, denuncia o secretário.
Situação parecida vive a cidade de Almirante Tamandaré, que, em vista do aumento populacional, não consegue acompanhar as demandas de infra-estrutura e serviços na proporção necessária. ?Defendemos segurar o crescimento da cidade sem aprovar loteamentos feitos em lugares irregulares?, defende o prefeito, Wilson Goinski.
Polinuclearização
O governador Roberto Requião defende o processo de polinuclearização para os municípios da RMC, a exemplo de países como a França. O projeto consiste em dar estrutura necessária às cidades em torno da capital para que conquistem autonomia. Ele citou como exemplo o aspecto cultural. ?Não que isso vá diminuir a qualidade de Curitiba, e nem que as cidades da Região Metropolitana terão um teatro como o Guaíra, mas terão seus teatros, suas formas de acesso à produção cultural.?
Requião argumentou que o empecilho para que isso se concretize é a falta de recursos econômicos e criticou as políticas do governo Lula e anteriores pela diminuição dos repasses arrecadatórios aos municípios. ?Em 1988, 80% da arrecadação era de impostos compartilhados pelos municípios. Hoje, essa receita está em 40%, e os impostos não-compartilhados, que eram de 20% naquela época, hoje compõem 60% da arrecadação.?
