O fechamento de uma estrada centenária está causando polêmica na cidade de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. A estrada de chão, que chegou a ser o único caminho até o município de Rio Negro, usada também por tropeiros, foi bloqueada no início deste ano pela concessionária Autopista Planalto Sul, responsável pela administração do trecho sul da BR-116.
O bloqueio causa transtornos, inclusive para o transporte público. A situação gerou um protesto na manhã de anteontem. Agora, a população se mobiliza para tentar a reabertura da via.
A saída da estrada na BR-116 acontece dentro da área da praça de pedágio instalada praticamente na divisa dos municípios de Fazenda Rio Grande e Mandirituba.
Os ônibus do transporte coletivo não podem mais acessar a BR por ali. Os próprios moradores tiveram que aumentar seus caminhos para poderem se deslocar até Curitiba.
Uma comissão de moradores do Campo da Cruz, localidade onde está a estrada centenária, já participaram de diversas reuniões com a prefeitura de Fazenda Rio Grande e a concessionária. A empresa alega que o fechamento foi determinado por questões de segurança.
Segundo o morador Gilmar Chiapetti, o grupo está tentando a liberação do acesso, nem que seja de forma provisória, enquanto não houver uma decisão. Em uma reunião na noite de anteontem, foi cogitada a possibilidade de criação de uma trincheira no local.
A concessionária já fez a proposta para asfaltar esta estrada de chão até o perímetro urbano, mas com a manutenção do bloqueio. Os moradores não aceitaram.
Ontem, parte da comissão conversou com o deputado estadual Luiz Claudio Romanelli sobre o assunto. Moradores também expuseram a situação no plenário da sessão de ontem da Assembleia Legislativa. “Faremos uma representação no Ministério Público Federal para garantir o direito de ir e vir”, promete Chiapetti.
O secretário municipal de Urbanismo de Fazenda Rio Grande, Elvis Roberto Maioky, conta que na região onde está localizada a estrada fechada vivem cerca de 10 mil pessoas.
De acordo com ele, inicialmente a concessionária pediu o bloqueio da estrada por 10 dias para adequação da via. Depois, chegou na prefeitura um ofício da empresa informando que o bloqueio seria permanente, conforme norma da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). “Agora virou esse impasse, que mexeu até com o transporte coletivo”, explica.
A concessionária informou que está discutindo a melhor solução diretamente com a comunidade e com a prefeitura de Fazenda Rio Grande. As conversas acontecem desde dezembro do ano passado.
Hoje, a Autopista Planalto Sul vai apresentar uma nova proposta na prefeitura de Fazenda Rio Grande, para ver se a população aprova a medida. O pedágio deve começar a ser cobrado no final de fevereiro. A tarifa será de R$ 2,70.
Polêmica também em Mandirituba
O pedágio promete gerar polêmica também entre os moradores de Mandirituba. A maior parte da população depende de Curitiba para uma série de serviços, inclusive médicos, além de trabalho e compra e venda de mercadorias.
“O pedágio traz um certo desgaste para a população. A maioria das pessoas vive no meio rural e suas produções são levadas até a Ceasa. Haverá o ônus do pedágio para comercializar os seus produtos. Alguns vão até a Ceasa de segunda à sábado”, lembra a vice-prefeita do município, Sandra Mara Zimerman Rocha.
Ela faz uma ressalva: apesar da cobrança do pedágio, essa é a única maneira de a BR-116 ser duplicada naquele trecho. “Com o bônus, vem o ônus. Quem sabe fosse desnecessária se recursos fossem aplicados na região. O, pedágio garante o projeto de duplicação, mas quem vai pagar por isso é a população”, comenta Sandra. Ela explica que existem estradas rurais no município que poderiam facilitar o transporte até Curitiba, por meio de Araucária. Mas, além de muito mais demorado, as estradas são de terra e estreitas. “A única forma de chegar em Curitiba mesmo é com a BR-116”, revela.