A concentração de recursos militares, políticos e econômicos no mundo contemporâneo criou um grupo de agentes tão poderosos que acabam ignorando a repercussão de suas decisões. Essa é síntese da palestra “Indiferença, nova forma de barbárie”, proferida ontem no Sesc da Esquina, em Curitiba, pelo sociólogo e professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), Gabriel Cohn. Conforme , este fato é recente. Mesmo o capitalismo impondo há décadas o fato de quem tem mais dinheiro ter mais poder e poder ser indiferente às suas ações, Cohn destacou que a escala dos efeitos causados por esta situação aumentou. “Os agentes financeiros, por exemplo, fazem ataques especulativos que atingem inúmeras pessoas. Mesmo assim, eles se mantêm absolutamente indiferentes”, explicou o sociólogo.
Para o professor da USP, o poder concentrado é tão grande, que cria “ondas de choque” que nem se querendo podem ser controladas. Ele disse que quando a ação acontece com conglomerados empresariais o efeito é mais nefasto e difuso, além de mais visível do que quando o agente em questão é um governo. “Um grupo lobista pode causar estragos gigantes numa disputa de patentes de remédios”, exemplificou.
Solução
Para Cohn, a única solução viável para o problema é a organização dos grupos que são prejudicados com as decisões dos agentes poderosos. “Para isso é necessário ser ouvido, fato difícil de acontecer, mas que pode ser feito através de ações de forma organizada”, contou, destacando que o necessário é que os agentes saibam calibrar a força de seus atos. “Para isso é preciso saber o que ou quem eles atingirão. Caso contrário a conseqüência é a indiferença.”