Comunidades tradicionais do Paraná pedem terra

Integrantes de comunidades tradicionais do Paraná acamparam ontem, na Praça Nossa Senhora da Salete, em Curitiba, com o intuito de discutir e propor a criação de uma política própria estadual. No final da manhã, com o objetivo de buscar reconhecimento perante à sociedade, realizaram uma caminhada pela região central. O movimento foi organizado pela Rede Puxirão, que reúne povos e comunidades tradicionais do Estado.

“Já temos um projeto de política estadual organizado. Agora, queremos que o documento seja analisado pelo governo estadual e se transforme em lei. Atualmente, as comunidades tradicionais que vivem no Paraná sofrem devido à falta de reconhecimento jurídico, visibilidade e políticas específicas”, disse um dos coordenadores da rede, Amilton José da Silva, que é integrante de uma comunidade faxinalense.

A política proposta pelas comunidades tem quatro vertentes: acesso à terra e aos territórios; infraestrutura; fomento e inclusão social. “Ao longo do tempo, os povos tradicionais foram sendo retirados de suas terras, ficando sem acesso a elas, sem ter como sobreviver e manter suas identidades culturais. Precisamos que o direito à terra nos seja garantido para continuar a existir”, afirmou a também coordenadora da Puxirão, Mariluz Marques, que é integrante da Federação das Comunidades Quilombolas do Paraná e da regional quilombola do Vale do Iguaçu.

Tendo direito à terra, os integrantes das comunidade querem que o governo lhes garanta desenvolvimento sustentável, direito à saúde e à escola diferenciada, onde as diferenças culturais fossem incluídas na grade curricular. A estimativa populacional das comunidades tradicionais no Paraná aponta a existência de 30 mil indígenas, 40 mil faxinalenses, 20 mil quilombolas, 12 mil ilhéus do Rio Paraná, 7 mil cipozeiros, 12 mil pescadores artesanais, 7 mil detentores de ofícios tradicionais e 70 mil comunidades de terreiros (religiões de matriz africana).

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